Quem nunca sentiu culpa ao fazer uma compra que atire a primeira pedra. Se você tá nesse time, não se preocupe! Tem mais gente do seu lado do que você pensa. A culpa gerada pelo consumismo pode ter relação com a ansiedade, um sentimento muito comum e que vem ganhando contornos cada vez mais relevantes diante do cenário que estamos vivendo.
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O cenário de ansiedade no Brasil
Você sabia que o Brasil é o país mais ansioso do mundo? De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), quase 19 milhões de brasileiros sofrem com ansiedade, o que representa cerca de 9% da população.
O mais agravante é a velocidade que nosso país atingiu esses índices. Entre 1990 e 2017, por exemplo, os demais países do mundo tiveram um aumento médio de 2% no número de pessoas sofrendo da doença. No mesmo período, o Brasil assistiu a um crescimento de 9% nesse grupo.
Se formos levar em consideração a pandemia que estamos enfrentando desde o primeiro trimestre do ano passado, esse cenário é ainda mais crítico. Diversos estudos conduzidos no país comprovam a relação entre a pandemia (e os efeitos dela) e a saúde mental dos brasileiros. E os resultados são alarmantes!
Um levantamento realizado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, por exemplo, revela que 80% da população brasileira está mais ansiosa na pandemia. E os efeitos na saúde mental não se resumem à ansiedade. Quando falamos sobre isso, também estamos falando sobre estresse, depressão e outros transtornos, como alteração de sono.
Mas o que isso tem a ver com a saúde financeira, afinal?
A relação entre saúde mental e saúde financeira
Não temos dúvidas de que os efeitos da pandemia sobre a saúde mental das pessoas vai muito além dos impactos na vida financeira. Mas, não há como negar que existe uma relação direta entre esses dois fatores.
O Instituto de Políticas sobre Dinheiro e Saúde Mental é uma organização britânica criada em 2016 que, desde então, vem realizando uma série de estudos que tentam traçar, de forma clara, a relação entre saúde mental e saúde financeira.
Os resultados dos estudos mostram, de forma genérica, que existem dois lados da mesma moeda quando falamos nessa relação. O primeiro é a comprovação, por meio de dados, de que dificuldades financeiras podem ser responsáveis por problemas como depressão e ansiedade. O segundo é composto por indícios, também indicados pelas pesquisas, de que quem sofre de problemas de saúde como esses têm uma tendência a tomar decisões financeiras piores.
Na prática, um exemplo disso funciona assim: você está se sentindo ansioso e, para amenizar o sentimento, compra alguma coisa — pode ser um objeto, uma viagem ou aquele lanche no aplicativo de delivery. Ao invés de se sentir melhor com a compra, você corre o risco de se sentir ainda mais ansioso porque, além de tudo o que já estava sentindo, gastou um dinheiro que não podia. Se identificou? Pois é!
Mas, o que vem primeiro, afinal? Os problemas financeiros causam problemas de saúde ou é o contrário? Não dá pra saber quem é o ovo e quem é a galinha nessa história, mas uma coisa é certa: saúde mental e saúde financeira estão intimamente ligadas. Um estudo do Instituto de Políticas sobre Dinheiro e Saúde Mental, inclusive, identificou que pessoas endividadas têm três vezes mais chance de sofrer com problemas de saúde mental.
O mesmo estudo, realizado em 2017, escancarou os comportamentos relacionados a dinheiro adotados por pessoas que enfrentam problemas como ansiedade e depressão: 93% dos entrevistados gastam mais dinheiro do que o normal, mais da metade pega empréstimos desnecessários e 71% evitam suas dívidas.
Ou seja, está mais do que comprovado que a saúde financeira afeta a saúde mental, e vice-versa. Essa relação existe, quer a gente queira ou não, e a boa notícia é que existem caminhos para trazer equilíbrio para ela.
O caminho para tornar essa relação mais saudável
Como qualquer outra questão que tenha a ver com a sua relação com o dinheiro, não existe receita pronta, porque as alternativas são muitas e você vai escolher a que melhor se encaixa com a sua realidade e o contexto no qual você vive.
Mas, uma coisa é certa: todas as alternativas disponíveis estão distribuídas em três caminhos, pelos quais você vai precisar passar se quiser melhorar a relação entre sua saúde mental e sua saúde financeira.
1. Livre-se da vergonha e da culpa
Como você deve ter percebido até aqui, você não é a única pessoa que vê sua relação com o dinheiro ser afetada pela ansiedade — e vice-versa. Esse é um desafio enfrentado por milhões de brasileiros que, assim como você, se sentem perdidos e não sabem como sair dessa situação.
O primeiro passo, portanto, é abrir mão da vergonha e da culpa e entender que muitos fatores podem ter contribuído para que você chegasse onde está.
Pra começo de conversa, em um país em que metade da população vive com menos de R$ 500 por mês, não podemos deixar de considerar que, muitas vezes, a conta não fecha. As pessoas se endividam, antes de mais nada, porque os gastos com as necessidades básicas são maiores do que os rendimentos.
Além disso, sua dificuldade de lidar com o dinheiro pode estar ligada a outros fatores. Pode ser que você não tenha tido uma educação financeira adequada, que a sua criação tenha feito com que você construísse uma ligação ruim com o dinheiro ou que muitos outros fatores, que você nem conhece, estejam envolvidos na sua forma de lidar com as finanças.
O importante é você saber que não é o único a passar por isso e que existem muitas formas de lidar com essa situação, que, diferentemente do que você pensa, não é culpa sua.
2. Busque ajuda
Saúde mental é coisa muito séria, portanto, lidar com isso sozinho não é o mais recomendado. Converse com outras pessoas sobre o que você está sentindo, crie uma rede de apoio onde você se sinta seguro para compartilhar suas dificuldades e busque aprender com experiências de outras pessoas. Acredite: buscar ajuda não é sinônimo de fraqueza. Na verdade, é exatamente o contrário!
Se você tem sentido sintomas relacionados à depressão, ansiedade ou estresse, considere a possibilidade de falar com um profissional. E antes que você pense que isso custa dinheiro e que tudo o que você menos precisa neste momento é criar novas contas pra pagar, saiba que existem iniciativas nesse sentido sendo disponibilizadas gratuitamente ou a preços populares em todo o Brasil.
As universidades federais, por exemplo, costumam oferecer serviços desse tipo e vale a pena fazer uma busca na internet para encontrar as ações realizadas na sua cidade. Serviços online são outra ótima opção, principalmente em tempos de pandemia e isolamento social como o que vivemos agora.
Você já sabe que precisa lidar melhor com seu dinheiro. Mas, se você chegou até aqui, também já sabe que, para fazer isso, você precisa cuidar primeiro da sua saúde mental. Com a mente equilibrada, temos certeza que você terá condições de buscar o conhecimento e a confiança que precisa para tomar decisões financeiras melhores.
Existem muitos conteúdos na internet que te ajudam a melhorar sua relação com as finanças e nem tudo vai servir pra você. O desafio é encontrar caminhos que estejam alinhados à sua realidade e às suas condições e entender o que está ao seu alcance nessa busca por ter mais qualidade de vida financeira.
Nossa sugestão é que você acompanhe os conteúdos do Pago Quando Puder, uma plataforma de educação financeira que, com leveza e bom humor, busca auxiliar as pessoas a lidarem melhor com seu dinheiro. Na próxima semana, inclusive, o Pago Quando Puder vai promover uma campanha sobre a relação entre saúde mental e saúde financeira, falando com mais detalhes, inclusive com a participação de especialistas, sobre os temas que tratamos neste artigo.
Acompanhe as redes sociais do projeto e fique por dentro de conteúdos que vão te ajudar a escolher qual dívida pagar primeiro, a acabar com o sentimento de culpa pós-compra e a refletir sobre a origem das suas dificuldades de lidar com o dinheiro.