Nas últimas semanas, a gente tem falado aqui sobre a alta dos preços em praticamente todos os setores da economia. É a compra do supermercado que não cabe mais no orçamento, a gasolina que fez o hábito de andar de carro virar um luxo, a conta de luz que não para de subir. Diante desse cenário, não tem outro jeito: é preciso cortar gastos com sabedoria!
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De forma bastante resumida e simplista, a inflação nada mais é do que o aumento contínuo de preços e serviços. Ou seja, é exatamente o que estamos vivenciando no momento, nessa situação em que, a cada dia, as coisas ficam mais caras.
Nem é preciso muito esforço, portanto, para entender como a inflação afeta o nosso bolso. O que ela faz, na prática, é elevar o preço dos produtos e reduzir o nosso poder de compra - uma vez que a nossa renda não acompanha o crescimento dos valores cobrados por itens e serviços.
Mas, indo um pouco mais a fundo, precisamos falar de algumas siglas para explicar detalhadamente como a inflação é medida. O IPCA, por exemplo, é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, que é adotado como índice oficial da inflação no Brasil pelo governo federal.
Na prática, o IPCA é o indicador que mostra se os preços de produtos ou serviços estão aumentando ou diminuindo e, dessa forma, deixa claro como o custo de vida das famílias está variando. O índice é apurado a partir de pesquisas feitas, mensalmente, pelo IBGE, que verifica os preços praticados por estabelecimentos comerciais, prestadores de serviços e concessionárias de serviços públicos.
Em resumo, portanto, se o IPCA cresce, a inflação, automaticamente, sobe também. Para se ter uma ideia do tamanho do impacto, o imposto acumula uma alta de 8,99% nos últimos 12 meses - a maior taxa registrada desde maio de 2016. Mas, ele não é o único indicador levado em conta. Também são consideradas as variações no Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M) e o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), entre outros.
A essa altura, você deve estar pensando: a inflação aumenta à medida que o percentual do índices a ela atrelados sobem. E os índices sobem quando os preços aumentam. Mas, o que faz os preços subirem, afinal?
Não é isso, portanto, que define a alta da inflação?
Exatamente! A subida da inflação é causada pela alta dos preços que, por sua vez, é impactada por uma série de fatores, como:
- Aumento da demanda: se mais pessoas querem comprar um determinado produto, fica difícil garantir o fornecimento para todos e, portanto, o preço sobe;
- Aumento nos custos de produção: se fica mais caro produzir um produto ou oferecer um serviço, o preço dele também vai subir. No caso do Brasil, em que a economia depende bastante de importação de matéria-prima, a alta do dólar impacta diretamente o custo de produção e, com isso, vários setores são impactados e acabam cobrando mais caro pela venda de produtos e serviços;
- Emissão de papel-moeda: para movimentar a economia, o governo precisa imprimir mais dinheiro. E com mais dinheiro circulando no mercado, a capacidade de compra das pessoas pode ficar maior do que a capacidade de produção dos produtos;
- Redução da taxa de juros: essa também é uma medida comumente adotada pelo governo federal para movimentar a economia. O efeito dela é o estímulo ao consumo e à produção. No longo prazo, como você deve imaginar, esse incentivo gera um aumento de demanda e eleva a inflação.
O impacto da alta do dólar
Além da alta do dólar impactar o custo de produção de produtos que dependem de matérias-primas importadas, também há impactos na exportação.
Com a desvalorização da nossa moeda em relação ao dólar (hoje, cada dólar está valendo cerca de R$ 5,30), os produtores de alimentos optam por vender produtos para o mercado externo - eles conseguem vender mais caro e, logo, o lucro é maior. Com isso, a gente passa a ter menos disponibilidade de produtos no mercado interno e, logo, os preços sobem.
Não posso deixar de mencionar que a alta do dólar é, geralmente, uma inevitável consequência de crises políticas e instabilidade econômica no Brasil. Ou seja, com as eleições do ano que vem se aproximando, é possível que a situação piore bastante antes de começar a melhorar.
Os impactos da inflação em diferentes classes sociais
Antes de apresentar como a alta dos preços afeta brasileiros de diferentes classes sociais, preciso deixar uma coisa bem clara: a inflação não é sempre uma vilã! Quando controlada, a inflação é um indicador de crescimento econômico do país, que mostra que o a economia está aquecida e que estamos crescendo de forma saudável. Ela se torna vilã num contexto de crescimento acelerado, como o que estamos vivendo agora.
Apesar de os preços subirem e o poder de compra ter sido reduzido para uma boa parte dos brasileiros, cada família, dependendo da faixa de renda e da condição social, é afetada de uma forma pela alta da inflação.
Mas, como assim?
Apesar de existir uma taxa média de variação, associada aos índices, os preços dos produtos e serviços mudam de forma independente - uns sobem mais e outros sobem menos. Logo, é mais impactado o brasileiro que depende mais dos produtos com maior variação.
Os motoristas, por exemplo. Muito tem se visto os consumidores reclamarem que utilizar serviços de transporte via aplicativo tem sido mais difícil e mais caro do que nos últimos meses. É óbvio que os profissionais que prestam esse tipo de serviço têm sido diretamente impactados pela alta do preço do combustível.
Se esse aumento de gasto não for compensado com um aumento de receita, trabalhar dessa forma deixa de ser vantajoso. A consequência disso é uma queda da oferta de motoristas e, logo, um maior tempo de espera por parte dos passageiros.
Outro exemplo nesse sentido é o brasileiro que paga aluguel, que está sendo fortemente impactado pela alta dos valores do setor. Geralmente, os contratos de aluguel preveem reajustes baseados no IGP-M, imposto que, de julho do ano passado a julho deste ano, cresceu 33,83%. Ou seja, se os proprietários dos imóveis não afrouxaram as regras, os inquilinos tiveram que arcar com um aumento extremamente elevado.
A alta dos alimentos e os efeitos para a população mais pobre
A população de baixa renda é, inevitavelmente, mais impactada pela alta da inflação. Não só pelo aumento generalizado de produtos e serviços, mas principalmente pela disparada dos preços dos alimentos, que representam o principal destino das despesas das famílias mais pobres. A verdade é que as compras do supermercado têm sido um grande sofrimento.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a variação de cesta de compras para famílias com renda de até cinco salários mínimos, acumula uma alta de 9,85% nos últimos 12 meses, percentual maior do que os 8,99% registrados pelo IPCA. Como dissemos, o IPCA é o principal indicador da inflação, que mede o reajuste nos preços para as famílias com renda entre um e 40 salários mínimos.
Ou seja, as pessoas mais pobres sofrem mais com a alta dos preços - apesar de o reajuste ser para todos. Consequência disso é um cenário que eu, e certamente você, temos visto pelas cidades: a explosão do número de pessoas vivendo em situação de rua e pedindo dinheiro para conseguir sobreviver.
Como lidar com a alta da inflação?
Como você deve ter visto até aqui, o aumento do preço de produtos e serviços é algo que não podemos evitar e que está totalmente fora do nosso controle. Mas, o que podemos fazer, então, diante dessa situação, para tentar, pelo menos, minimizar os impactos?
De forma resumida, só existem dois caminhos: cortar gastos e economizar ou ganhar mais dinheiro e aumentar seu poder de compra. Para te ajudar nesse processo, vamos dar algumas dicas que você pode adotar em qualquer um dos caminhos.
Como cortar gastos e economizar
A primeira coisa que você precisa ter em mente é que cortar gastos não é sinônimo de sacrifício. No nosso artigo da semana passada, demos algumas dicas de como você pode fazer isso de forma consciente e sem sofrimento. É bom você dar uma conferida depois que terminar essa leitura - mas, já adianto: tudo começa por um bom planejamento financeiro!
Outra dica válida nesse sentido diz respeito às estratégias que você pode utilizar para economizar na hora de comprar online, por exemplo. É possível aproveitar o mundo virtual para conseguir descontos que não seriam possíveis nas lojas físicas.
Mais do que nunca, é hora de fazer do limão uma limonada e aproveitar esse momento em que tem sido preciso evitar sair de casa, para usufruir dos benefícios que comprar pela internet pode te trazer.
Um bom exemplo dessas vantagens é a oportunidade de fazer pesquisa de preços em diversas lojas, sem precisar ficar pulando de estabelecimento em estabelecimento. A internet amplia a sua área de compra e te dá a possibilidade de comparar preço em diversas lojas com apenas alguns cliques.
Ah, mas a pesquisa de preço não se limita ao universo virtual, viu? Nas compras de supermercado, por exemplo, geralmente é vantajoso abrir mão da fidelidade com seu estabelecimento preferido e pesquisar preços em lojas diferentes. Dependendo do item que você precisa comprar, é muito comum ter variações de preço significativas de um supermercado para outro.
Como ganhar mais dinheiro
Essa é a verdadeira pergunta de um milhão de dólares. Todo mundo está buscando formas de aumentar a renda e, consequentemente, ampliar o poder de compra nesse momento.
Se você ainda tem um emprego formal e está disposto a pedir um aumento pro seu chefe, esse pode ser um bom caminho. Mas, a gente sabe que, assim como a gente, as empresas estão buscando reduzir despesas e não aumentá-las, certo?
Por isso, é muito importante que você procure alternativas para conquistar outras fontes de renda. Com o aumento do desemprego, muitos brasileiros precisaram se reinventar pra ganhar dinheiro na crise e o que não faltam são inspirações pra você nesse sentido.
Tem algum dote culinário, por exemplo? Pode ser um bom caminho pensar em cozinhar pra vender e transformar o seu talento em dinheiro no bolso. Outra coisa que pode ser transformada em renda é o seu conhecimento. Desde o início da pandemia, as pessoas passaram a procurar mais por cursos na internet e quem sabe não está aí uma oportunidade de ganhar dinheiro ensinando algo que você sabe?
Fato é que não dá pra assistir esse cenário de grande alta de preços que estamos vivendo de braços cruzados.
E o passo mais importante você já está dando, que é buscar informações para entender a situação e saber como agir diante dela!
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