Planejamento, poupança e crédito consciente. Esse é o tema da oitava edição da Semana Nacional de Educação Financeira, que está sendo realizada entre os dias 8 e 14 deste mês. O evento, que visa promover uma série de discussões sobre a saúde financeira dos consumidores brasileiros, acende um grande sinal de alerta: precisamos falar sobre planejamento financeiro para quem está endividado.
Diferentemente do que muita gente pensa, a relação entre endividamento e planejamento pode ser de causa e consequência. Além da falta de organização financeira ser um dos principais fatores que levam as pessoas para a inadimplência, sair do endividamento também exige uma boa dose de planejamento e controle financeiro. E é exatamente sobre isso que eu vou falar hoje.
Acompanhe!
Organização financeira é mais simples do que você imagina
Eu uso bastante esse espaço para tentar derrubar alguns mitos sobre as questões financeiras que existem por aí. E um dos principais deles vende exatamente essa ideia de que controle financeiro é um processo complexo, que exige muitas ferramentas e que só é útil para quem tem grana. Se você está no time dos que pensam assim, eu tenho muito prazer em dizer que, definitivamente, não é por aí.
A organização financeira passa, antes de mais nada, pela clareza do quanto entra e do quanto sai de dinheiro todo mês. E você pode fazer isso da forma que achar mais simples: pode ser anotando suas receitas e despesas em um caderno, em uma planilha ou em um aplicativo de gestão financeira. Eu não tenho dúvida que você não precisa saber nada de finanças para colocar gastos e ganhos no papel.
"Ter a visão do seu orçamento é o que vai te dar clareza sobre a sua realidade financeira atual. E é isso que vai te permitir entender se você pode cortar gastos, se precisa buscar uma fonte de renda extra e quanto você conseguirá disponibilizar por mês para o pagamento de dívidas. É importante ter esse entendimento antes de buscar um acordo para sair dessa situação, até para que você não corra o risco de se endividar ainda mais tentando sair das dívidas", comenta o economista e co-fundador da Meu Acerto, Pedro Lima.
Tendo clareza do seu orçamento, é hora de partir para a organização financeira especificamente focada nas dívidas. Não se preocupe se você não tiver ideia de como fazer isso, eu estou aqui pra te ajudar! E atenção: é muito importante que, neste momento, você mantenha a calma. Nenhuma situação é definitiva e existem sim alternativas para que você vire esse jogo.
Controle financeiro para sair das dívidas: aprenda em 5 passos
Você pode estar pensando que é muito fácil falar que, para quitar as dívidas, basta ter clareza de quanto gasta e quanto ganha. E realmente não é isso que eu estou dizendo. De fato não é tão simples assim, mas, depois de organizar receitas e despesas e adotar hábitos financeiros mais saudáveis, existem alguns passos que você pode seguir para se planejar financeiramente para quitar suas dívidas.
Liste todas as suas pendências financeiras
Agora é hora de ir além do orçamento e colocar no papel todas as dívidas que você tem atualmente. Cuidado pra não deixar nada de fora - lembre-se de incluir pagamentos atrasados, parcelas a vencer do cartão ou de outros tipos de crédito e parcelas de dívidas que já tenham sido negociadas. Somente olhando para essa lista de dívidas, você vai conseguir estabelecer prioridades, passo fundamental para você sair dessa situação.
Além disso, observe os detalhes de cada uma delas: qual é a taxa de juros cobrada? E a multa por atraso? Existe alguma outra taxa que incide sobre a dívida? Saber esses pontos te ajudará a dar o próximo passo.
Estabeleça prioridades
Dependendo da sua situação financeira atual, não há controle financeiro que vá te tirar dela de forma imediata. Pode ser que seja necessário escolher quais pendências você vai eliminar primeiro, enquanto outras aguardam uma situação um pouco mais confortável para que sejam pagas. E para fazer essa priorização, você precisa levar em conta alguns critérios.
Alguma das dívidas diz respeito a um serviço essencial, como água, luz e condomínio? Essa é a primeira pergunta que você deve se fazer ao olhar para sua lista de dívidas. E se a resposta for sim, já temos um indício de qual pendência você deve quitar primeiro. Outra questão importante é se o pagamento da dívida está vinculado à manutenção de um determinado bem. Se não for pago, o financiamento de um imóvel ou um veículo, por exemplo, pode acarretar na perda do bem e esse é um aspecto bem importante que precisa ser levado em conta na hora de priorizar seus pagamentos.
Por fim, e não menos importante, é preciso olhar para as taxas de juros. Sobre quais das dívidas listadas incidem as maiores taxas de juros? Na hora de priorizar o pagamento, é bom tentar eliminar primeiro as que têm os juros mais altos e, consequentemente, representam maior prejuízo financeiro para você neste momento.
Avalie opções de negociação
Tendo clareza da sua situação financeira atual e definição sobre quais dívidas você deve pagar primeiro, é hora de buscar alternativas para negociar essas pendências. É preciso procurar a instituição bancária ou a empresa prestadora que te concedeu o crédito, serviço ou produto, para verificar quais são as condições para você quitar essas pendências. Dependendo do valor da dívida e do tempo de inadimplência, é bem provável que você consiga boas oportunidades para negociar.
Uma alternativa sempre válida nesse sentido é verificar se sua dívida está disponível para ser negociada online. Empresas que oferecem a negociação online de dívidas, como a Meu Acerto, costumam disponibilizar condições bastante favoráveis para o consumidor, como descontos atrativos e um parcelamento flexível. Você pode consultar seu CPF gratuitamente e simular um acordo que caiba no seu bolso - mas tome cuidado para não assumir um compromisso maior do que a sua capacidade de pagamento!
Estude a possibilidade de trocar uma dívida cara por uma mais barata
O nome desse processo é portabilidade de crédito e ele é sempre uma opção a ser avaliada em um cenário de muitas dívidas. Pode ser que valha a pena fazer um empréstimo a juros menores para quitar outras dívidas que cobram juros maiores, por exemplo. Dívidas relacionadas a cheque especial, empréstimo consignado, empréstimo pessoal e financiamento imobiliário permitem esse tipo de transação.
Se essa for a sua opção, o importante é você avaliar com bastante cuidado as condições antes de efetivar a portabilidade. Um bom indicador para essa avaliação é o Custo Efetivo Total do crédito, que deve ser fornecido também pela instituição onde sua dívida está atualmente, como pela empresa para a qual você gostaria de migrar o seu crédito.
Para Joe Ruas, especialista em finanças pessoais do Banco Inter, a portabilidade de crédito é uma excelente oportunidade para negociar e reduzir as dívidas, pois as instituições financeiras têm interesse em "comprar" as dívidas de clientes de concorrentes. "Caso a pessoa endividada tente negociar seu empréstimo ou valor em atraso com a instituição de origem da dívida, mas ela não melhore a situação de forma satisfatória, ela pode buscar alternativas na concorrência para conseguir melhores taxas para o mesmo tipo de empréstimo, ou até mesmo mudar a modalidade do endividamento, como, por exemplo, sair do juros do cartão de crédito e trocar isso por um empréstimo pessoal ou consignado e reduzir drasticamente os juros", destaca.
Busque fontes de renda extra
É possível que sua renda atual não seja suficiente para pagar as dívidas da forma e na velocidade adequada. Por isso, avaliar a possibilidade de encontrar novas formas de conseguir uma graninha extra também é uma dica de ouro quando a gente fala de planejamento financeiro para sair das dívidas.
A sorte é que a internet nos abriu um mundo de possibilidades nesse sentido e o que não faltam são opções para quem está querendo faturar mais. Desde vender peças usadas do seu guarda-roupas até usar suas habilidades para conseguir um trabalho freelancer, o importante é colocar a criatividade e a dedicação pra jogo. Ah, e essa dica é válida até mesmo para quem não tem dívidas, viu? Trata-se de uma boa opção para quem não quer só trabalhar e pagar boletos.
Como você deve ter visto, existem alguns passos para se planejar financeiramente para quitar suas dívidas e o melhor é que todos eles - pelo menos os que citei aqui - estão sob o seu controle. O mais importante, como eu disse, é você manter a tranquilidade para enfrentar esse momento tão complicado e ter certeza de que, independentemente de quão crítica esteja a sua situação, é sempre possível virar o jogo e partir rumo a vida financeira mais equilibrada e saudável.