Os empreendedores, pela sua própria natureza, enxergam oportunidades em meio à adversidade. Neste momento, podem ter chances mais promissoras aqueles que tiverem soluções em três segmentos: serviços considerados essenciais, como delivery de alimentos; os que prestam serviços financeiros; e os que ajudam na nova rotina em que as pessoas passam mais tempo dentro de casa. A constatação é de um estudo realizado pelo Google for Startups Brasil, nos meses de março e abril, para identificar mudanças nas preferências e no comportamento das pessoas em meio à pandemia provocada pela COVID-19. Foi baseado no salto das buscas dos consumidores no site Google, que chega a registrar 3,8 milhões de pesquisas por minuto no mundo.
Nove empreendimentos mineiros destacados pelo Google for Startups
Nove empreendimentos mineiros destacados pelo Google for Startups
“Alguns setores demonstram potencial de oportunidades, mas não sabemos qual vai ser a sustentação delas”, disse o diretor do Google for Startups no Brasil, André Barrence, em entrevista exclusiva ao Estado de Minas.
O levantamento também apontou a busca por novos hábitos digitais, com aprendizagem e acesso a conteúdo à distância. “Apesar de vislumbrarmos algumas novas tendências de comportamento, é essencial ter atenção antes de tomar grandes decisões enquanto ainda impera uma indefinição de futuro. As startups também precisam ter muito cuidado para não parecerem oportunistas, dado o cenário de impacto econômico e social no país, se aproveitando do momento para se destacar nos mercados em que estão". Confira abaixo outros trechos da entrevista com Barrence:
» Startups colocadas à prova
A busca por soluções à COVID-19 e respostas aos efeitos da pandemia acelerou o processo de transformação digital em diversos segmentos, o que, por sua vez, exigiu rápida capacidade de resposta de governos, centros de pesquisa e também dos empreendedores. No caso das startups, algumas delas vêm desempenhando papel central na continuidade de atividades essenciais, como logística e conveniência. Outras têm se mostrado centrais na adaptação a novos hábitos e comportamentos digitais, como acesso a conteúdos, desenvolvimento de novas habilidades e educação no formato digital.
» Exemplo mineiro
Uma das que mais se destacam é a Hotmart, com um crescimento expressivo no volume de buscas do Google. Isso demonstra a capacidade de startups mineiras em se tornarem referências em seus mercados. Para que isso aconteça, é necessário seguir investindo na construção de um ecossistema de inovação cada vez mais coordenado em Minas Gerais.
» Startup Zone
É um programa do Google for Startups voltado para aquelas em estágio inicial, com workshops, talks e mentorias em 12 semanas. A turma que encerramos em abril foi a maior que já tivemos, com 21 participantes. Devido ao distanciamento social, ainda estamos avaliando as datas da próxima turma e o melhor formato. Para participar, é só ficar atento ao nosso site, newsletter e Instagram, onde divulgamos os processos de inscrição.
» Desempenho de Minas
A gente sempre esteve de olho na rede de startups mineiras, afinal o Google Brasil nasceu justamente de uma startup de Belo Horizonte. Em 2005, o Google comprou a Akwan, fundada por professores da UFMG e assim abriu seu primeiro escritório no país em Minas. No Startup Zone tivemos a Simplifica Aí, a Foozi e a WiCar, três startups com propostas diferentes que mostram como o empreendedorismo mineiro está amadurecendo e buscando diversificar seus mercados.
» Immersion
No fim do ano passado, nós também rodamos o programa Immersion, que é voltado para startups já em estágio de crescimento e escala. Nele, focamos em três áreas de expertise do Google: desenvolvimento de produto, aquisição de clientes e gestão e cultura. Dentre as 10 startups participantes, cinco eram mineiras: Sólides, Dito, Rock Content, Toro Investimentos e Grão Direto. Ter essa diversidade de empresas provindas de Minas em diferentes programas nossos é mais um exemplo de como o ecossistema do estado é rico.
» O Google for Startups
Nós acreditamos que se as startups tiverem sucesso, o Google, nossas comunidades e a economia também terão. Nosso papel é o de dar suporte imediato para as lideranças e seus times, que estão em um momento de tomar decisões duras. Buscamos colocar à disposição recursos, como o apoio de mentores, experts e as nossas tecnologias, que possam ajudá-las com desafios específicos. Também repensamos a própria estrutura dos nossos programas. Além de terem se tornado remotos, trabalhamos na adaptação de conteúdos para que sejam úteis ao momento, que é de otimização e de buscar reduzir custos adicionais das contas das startups.
» Impactos da pandemia
Tivemos que fechar temporariamente a nossa sede em São Paulo, o Google Campus, e isso impactou diretamente o formato dos nossos programas que seguem sendo virtuais até que seja seguro reabrir o prédio. Mas o nosso prédio é apenas um dos benefícios que oferecemos para as startups da nossa rede. Em todos os nossos programas, o que mais valorizamos é a troca de experiências e conhecimentos entre especialistas e empreendedores, e isso foi possível levar para o meio virtual. Isso enriquece muito a nossa rede de contatos.
» Otimismo
Independente do momento desafiador, sigo otimista em relação ao desenvolvimento do ecossistema de inovação no país, e em especial em relação à participação das startups no processo de transformação da sociedade. Não há dúvidas que a pandemia trouxe à tona necessidades importantes da população que precisam ser endereçadas, como o acesso em massa a serviços financeiros digitais, telemedicina e um novo formato de entrega da educação em todos os níveis. Além disso, empresas tradicionais e governos terão inovação e transformação digital como itens prioritários em suas agendas. O protagonismo dos empreendedores será fundamental para construir soluções com o uso de tecnologia capaz de endereçar tais necessidades. Acredito que tudo isso poderá acelerar os ciclos de inovação em diversos setores no futuro.