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Estado de Minas COMPORTAMENTO

Com amor e humor

Acreditar que podemos viver melhor nos ajuda a superar dificuldades'


03/10/2021 04:00 - atualizado 03/10/2021 11:56

Há poucas semanas, minha irmã e meu cunhado receberam alta do hospital depois de 12 dias internados por complicações decorrentes da COVID-19, que contraíram mesmo tomando todas as precauções e doses de vacina.

Em nenhum momento nossas famílias desacreditaram das recomendações e protocolos. Do contrário, sabemos que se não tivessem sido vacinados e mantido o mínimo de isolamento desde março do ano passado provavelmente as consequências seriam outras.

Meu cunhado foi internado primeiro, mas foi minha irmã quem teve o quadro mais complicado. Quando passou a não conseguir responder às mensagens ou atender às nossas ligações, tentei transformar o quarto dela em um quintal de nossas casas.
 
Remexi nas fotos impressas desde a infância e escolhi algumas de momentos significativos e divertidos. Montei cartazes em papel de molde, escrevi frases com caneta hidrocor, usei durex colorido como fazia há décadas quando dava aulas na pré-escola. Comprei balões enormes inflados em forma de coração e estrela nos quais mandei imprimir frases que arrancaram gargalhadas.

Quando minha inspiração parecia chegar ao fim, bastava andar pela casa observando tudo até encontrar um objeto interessante capaz de significar algo naquele momento. Desde criança, tenho o hábito de carregar coisas de minha residência para outros palcos. Quando participava de espetáculos no colégio, no cenário havia sempre algo que eu pegava de minha mãe. Certa vez, ela foi surpreendida ao ver em destaque, no ponto alto de uma peça, uma de suas panelas, já tida como perdida, sendo usada como arma de um crime.
 
Durante dias, parava o carro na porta do hospital, descia correndo, entregava na recepção pacotes cada vez maiores endereçados à ala da COVID. Ria de mim mesma, da precariedade e cafonice de tudo aquilo, mas as respostas à minha intenção, que chegavam pouco tempo depois de deixar a área hospitalar, me motivavam a não sair da brincadeira.
 
Fato é que há sempre uma maneira de transformar os ambientes tornando-nos presentes na vida daqueles a quem amamos. Se não podemos acalentar a dor do outro com um abraço físico, o podemos fazer de mil maneiras bastante simples, a começar pelo envio de energias positivas. Ser otimista não significa negar a realidade e pode tornar mais suportável o sofrimento e transformar a vida de todos os envolvidos.
 
"Cansei de ser linda! Quero ser maravilhosa!" foi uma das frases que enviei para ela junto com uma Mafalda, do Quino, que eu tenho. A bonequinha chegou ao hospital num momento de muita ansiedade e acabou desviando a atenção da dor para as possibilidades do futuro. Acreditar que temos condições de viver melhor em qualquer situação nos ajuda a superar as dificuldades e a tornar mais leves e proveitosos os dias que nos restam.

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