Raiva e estresse crescem entre mulheres, apontaram dados de dez anos de pesquisas do Instituto Gallupem em diversos países. As mulheres têm demonstrado cada vez mais sentimentos de raiva e estresse, em nível maior que o dos homens.
Isso porque, ao que tudo indica, sentimentos considerados negativos aumentaram durante a pandemia, como resultado da pesada jornada de trabalho a qual elas se submeteram ao unir homeworking e serviços domésticos, o que não se deu na mesma proporção entre os homens.
Aí vem a observação: as mulheres sempre viveram sobrecarregadas pela sobreposição de jornadas de trabalho. O fato delas sofrerem mais com a pobreza e o desemprego que os homens em países como o Brasil, também não é novidade. Afinal, mulheres são responsáveis pela renda familiar de quase a metade dos lares em nosso país.
Nada de novo, é verdade, mas se analisarmos por outro prisma podemos ver que as razões são bem mais amplas. A obrigação de ser mãe (exemplar, inclusive) tem sido questionada nos últimos anos, assim como o estereótipo de delicadeza e compreensão esperado por parte delas.
Hoje podemos ter acessos de raiva e não ser considerado um simples chilique feminino, assim como expressar sentimentos socialmente considerados negativos ou pouco nobres. É genuíno, legítimo e saudável.
Do lado deles, as coisas vem mudando também. Homem não chora tem caído em desuso, assim como a obrigação que lhes era depositada de dominar o "faz tudo" em casa, desde trocar pneus até encontrar uma solução imediata aos pequenos problemas elétricos que ocorrem no cotidiano.
Hoje eles se dão ao direito e dizer que não sabem fazê-lo nem querem aprender, assim como elas de tomar a frente da tarefa de dar ordens a um pintor ou a um pedreiro contratado para a reforma da casa de ambos.
A expressão dos sentimentos tornam os ambientes propícios a mudanças de comportamento e consequentemente no caminhar da sociedade. Controlar a raiva pode agora ser traduzido por manifestá-la com sabedoria e não engoli-la.