Por exemplo, a barreira de 400 pontos só foi ultrapassada em seis ocasiões nos 37 anos de 1985 para cá. Isso ajuda a ver que o grau da preocupação geral é especialmente alto.
As outras cinco ocasiões foram: a guerra do Golfo em 1991; os ataques terroristas de setembro de 2001 (onde o índice foi a mais de mil pontos); a invasão do Iraque pelos EUA em 2003; os ataques terroristas perpetrados no metrô de Londres em julho de 2005; e o assassinato do general iraniano Soleimani, na capital do Iraque, por ordem explícita do presidente Trump, em janeiro de 2020.
Cada um a seu jeito, todos momentos que causaram apreensão acerca da estabilidade do regime de segurança global.
Por outro lado, a preocupação era de que a pandemia não mudaria (para melhor) a ordem mundial e de que seria justamente um solo fértil para ainda mais confusão.
E não estão errados os que temem que a percepção de segurança de Moscou seja de que precisa avançar um pouco mais para oeste. Mas o que a Rússia quer mesmo é um acordo executivo no mais alto nível com os EUA para consolidar noções de honra e coexistência. Algo que ela recentemente conseguiu com a China.
E a União Europeia passou a pregar sua “autonomia estratégica”, enquanto nos EUA aumentava o sentimento por privilegiar uma agenda “América em primeiro lugar” entre republicanos e democratas.
Afinal, os EUA são os comandantes supremos da OTAN, a qual se estrutura em torno do compromisso de defesa coletiva. Mas com a prática do “America First” são os EUA mesmo que fissuram sua hegemonia na Europa.
Essa quebra na visão que os EUA manifestam sobre sua função no mundo também é um mal-estar com a realidade e força improvisação de “aliados” na Europa. Aí mora o perigo. Não é nem questão de coerência, trata-se apenas da possibilidade de que dê errado e pragmaticamente não funcione. Assim, a União Europeia se vê forçada a tratar da própria segurança ainda dentro da OTAN. Tem que se liderar sem se comandar.
O risco geopolítico é a desconfiança de que o equilíbrio está se tornando incalculável e a fala da guerra mais atual do que a da paz.