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Confira os adjetivos para os líderes envolvidos na guerra Rússia X Ucrânnia

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No célebre faroeste espaguete cujo título original é “The good, the bad and the ugly”, que lançou o icônico Clint Eastwood ao nível de celebridade do cinema, três pistoleiros saem à caça de um baú de ouro confederado escondido nos escombros da guerra civil americana. A ambição pela posse do ouro não deixa nenhum dos personagens a salvo da maldade humana.



O enredo do filme, embora não tenha quase nada a ver com a atual invasão da Ucrânia pelas tropas do ditador russo Vladimir Putin, tem no curioso título uma referência bem adequada ao cenário e aos personagens da tomada de Kiev, capital da Ucrânia (que deve estar acontecendo enquanto você lê essas linhas no conforto do feriado). Putin é o Mau. O Ocidente e seu piedoso guia, Joe Biden, é o Bom. E Zelensky seria o Feio, que arcará com o horror da guerra dentro de casa.

A mensagem, no final, é que a guerra é sempre consequência de uma paz malfeita, como a que precedeu a Segunda Guerra Mundial. Putin, o Mau, está atuando rigorosamente de acordo com seu papel no script. Ele sempre quis a reconstrução de pelo menos parte da fronteira estratégica da antiga União Soviética. Mais do que isso, ele sempre almejou que a Rússia voltasse a ser “respeitada” como potência mundial, para tanto sendo vital a demonstração de força bélica que agora exibe.

O Bom, no caso Joe Biden, já deve ter perdido mais uns pontos na sua cambaleante popularidade doméstica, por “latir e não morder”. Com os bloqueios logísticos do confronto ucraniano, a elevação do custo de vida das famílias americanas deve subir para a casa dos 10%, causando um agressivo desequilíbrio financeiro interno. Biden está cada vez mais parecido com o confuso Jimmy Carter, outro presidente americano que queria dizer não à guerra num país cujo subconsciente só pensa nisso. O disparate de Biden no papel de líder do Ocidente e, pior ainda, o disparate maior do ex-presidente Trump, elogiando a “esperteza” do seu camarada Putin, revela, por trás da desunião da elite política daquele país, o atestado de óbito da “pax americana”, já morta e enterrada.





A tal “era da globalização”, sob condução de Washington, trombeteada após a queda do Muro de Berlim, não existe mais. Eventos típicos dessa era, como o Foro Econômico Mundial, reunião anual de líderes do “mundo” em Davos, Suíça, pode começar a se repaginar por completo. Seremos, nas próximas décadas, com o Putin ou sem ele, com Xi ou sem Ping, um mundo reconfigurado em blocos de interesses, cujos baús de ouro de cada grupo têm que ser defendidos e resguardados com unhas e dentes.

Novos blocos de países se redesenharão, de tempos em tempos, ao sabor de situações como a da invasão da Ucrânia. Alguns serão “membros-natos” de certos blocos, como México e Canadá, que não precisam se questionar se estão ou não na órbita do bloco liderado pelos EUA. Outros blocos, como a “Eurolândia”, com seus 27 Estados-membros, são quase grandes e burocráticos demais para dar conta do recado de resguardar seus interesses comuns e fronteiras mais distantes. Tais fronteiras, como a borda oeste da Ucrânia, serão presas fáceis para corsários do século 21, como Putin.

E gigantes abobalhados como o nosso Brasil? Nossa diplomacia atual faz parte do papel do Feio no faroeste da cena mundial. Estamos mais para entregar o que gerações passadas duramente amealharam, por absoluta falta de preparo de nossas “lideranças” contemporâneas. O sistema eleitoral brasileiro criou um monstro que extirpa cirurgicamente a possibilidade de se firmarem líderes de primeira grandeza. A “xepa” eleitoral brasileira nos confirma que não há risco algum de as coisas melhorarem em terras de Cabral. Os ventos de fora nos ditarão o que fazer e, inclusive, o que pensar. E não havendo vacina contra a severidade desse vírus da mediocridade, nos tornaremos, nesta década, sérios candidatos a algum tipo de “ucranização”. Só espero não ver esse filme lançado tão cedo nos circuitos do nosso cinema em casa.