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Deflação não deve derrubar os juros

O recuo dos preços em julho foi provocado pelo corte nos impostos sobre os combustíveis e as contas de luz, mas nem por isso deixa de ser uma deflação


13/09/2022 04:00

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Gasolina e álcool mais baratos nos postos ajudaram a derrubar a inflação em julho e agosto (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press - 11/7/22)


O que os termômetros da economia brasileira mostraram nos primeiros dias de setembro parece indicar que a deflação iniciada em julho vai, em alguma medida, se repetir em setembro. Se isso se confirmar, o Brasil terá, então, três meses consecutivos de inversão do galope dos preços que, desde o fim da pandemia, vem empurrando a inflação para cima do teto da meta fixada para 2022, de 5% ao ano,
Sim, a inflação é, neste ano, um fenômeno mundial, pelas razões que todos já conhecemos (lockdowns exagerados, guerra na Ucrânia, lerdeza e equívocos cometidos nos países ricos). Mas, no Brasil, sejam quais forem as causas, a verdade é que a inflação está em queda, ainda que passageira. Depois do recuo de 0,68% apurado em julho, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) voltou a cair – desta vez, 0,36% – em agosto.
 
O recuo dos preços em julho foi provocado pelo corte nos impostos sobre os combustíveis e as contas de luz. É claro que esses cortes podem não durar para sempre, mas nem por isso a deflação deixa de ser deflação e de continuar influenciando os demais preços por algum tempo.
 
Em agosto, além dos efeitos indiretos do alívio tributário, também contribuíram para a deflação a queda dos preços internacionais do petróleo e, no plano interno, o fim da entressafra de alguns produtos que pesam no cardápio diário dos brasileiros. Foi o caso do tomate (-11,25%), da batata-inglesa (-10,07%) e do óleo de soja (- 5,56%).
 
O litro de leite, que tinha encarecido exagerados 25,46%, começou a baixar em agosto, com queda de 1,78%. Outros produtos alimentares, como frango, queijo e boa parte das frutas ainda continuam em alta, mas já dão sinais de recuo nos preços, com o fim das entressafras e a redução do custo de transporte.
 
Aliás, os transportes foram o grupo que mais contribuiu para a queda do índice geral em agosto, com redução setorial de 0,72 ponto percentual. Os preços dos combustíveis – gasolina, diesel e etanol – caíram em média 10,82% em relação ao mês anterior. E, durante os 10 primeiros dias de setembro, esses preços continuaram registrando pequenas quedas.
 
Em linha com a tendência apontada pelos dados do IPCA/IBGE, também o Índice Geral de Preços no conceito Disponibilidade Interna (IGP-DI), tradicional indicador calculado pela Fundação Getúlio Vargas, caiu em agosto. A queda, divulgada na semana passada, foi de 0,55%. Em julho, o recuo desse indicador tinha sido de -0,38%.
 

Atacado e varejo

O IGP-DI tem uma característica que o torna importante para quem estuda a tendência dos preços nos meses vindouros. Isso se deve ao fato de que, em sua composição, os preços no atacado têm o maior peso (60%), enquanto os preços ao consumidor e os pagos pela construção civil têm participações menores (30% e 10%).
 
Ou seja, ele mede e informa qual é o “estoque” de preços altos ou baixos que aguardam ser transferidos para o varejo e que, portanto, ainda podem chegar ao consumidor. Em que prazo essa transferência vai ocorrer depende do ritmo da atividade econômica que, hoje, no Brasil, é apenas moderado, mas que passa longe da retração anunciada nas economias mais desenvolvidas.
 
Há, por fim, mais indícios positivos do que negativos de que a economia brasileira pode ter mais um mês de deflação ou que, no mínimo, feche setembro com um índice de inflação muito baixo. Se confirmada essa tendência, teremos o terceiro trimestre de 2022 com resultado só comparável a igual trimestre de 1998 (primeira etapa do Plano Real), quando a deflação apurada foi de 0,85% sobre o trimestre anterior.
 
Essa percepção vem sendo captada pelos radares do mercado financeiro desde as últimas semanas de agosto e parece ter amadurecido com a divulgação dos dados oficiais na semana passada. Não foi sem motivo que o último boletim Focus (resumo das projeções feitas por agentes financeiros privados, incluindo os envolvidos na atual campanha eleitoral), divulgado ontem pelo Banco Central, rebaixou de 6,61% para 6,40% a expectativa de inflação para o fim deste ano.

Taxa Selic

Mantidas as atuais condições de temperatura e pressão, não é exagero esperar que esses agentes tenham que rever suas contas mais algumas vezes. Afinal, o terceiro trimestre inteiro pautado por deflação não é algo que ocorra sem deixar consequências. A principal delas terá sido um expressivo empurrão para baixo no IPCA de 2022.
 
Se tudo parece caminhar nessa direção, não caberia ao Banco Central começar logo a reduzir a nossa taxa básica de juros, para levá-la de volta aos civilizados 2% ano que vigoravam em março de 2020? A dúvida parece razoável e a resposta oficial será dada no próximo dia 21, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) fará mais uma de suas reuniões.
 
Mesmo tendo hoje o que comemorar, não podemos nos esquecer de que a inflação no Brasil tinha voltado a mostrar suas garras, chegando, não faz muito tempo, a ultrapassar os dois dígitos. O Banco Central tem errado pouco e não há por que se precipitar agora. Manter os atuais 13,75% da taxa Selic até a reunião do dia 26 de outubro, é o que se deve esperar.

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