Não é de agora que escutamos que o investimento no mercado de ações proporciona bons lucros. Recentemente, a B3, a bolsa de valores brasileira, registrou recordes de entrada de investidores pessoa física, de forma que a mídia tem dado cada vez mais espaço para se falar do sobe e desce da bolsa. De acordo com dados da B3, o número de investidores na bolsa passou de 564 mil no fim de 2016 para 1,4 milhão em setembro de 2019, um crescimento de 150% em menos de três anos. Você já parou para pensar quando esse movimento de alta no mercado de ações começou?
Quando a maioria das pessoas estavam pessimistas com o Brasil, no auge da recessão econômica e, posteriormente, com o impeachment da presidente Dilma, vimos o Índice Bovespa (o mais importante indicador do desempenho médio das cotações das ações negociadas na B3) atingir o patamar de 40 mil pontos. Desde então, iniciou-se um movimento de alta, mesmo com o cenário econômico deteriorado e uma eleição conturbada pela frente. A célebre frase “compre ao som dos canhões e venda ao som dos violinos” explica bem essa passagem, que nada mais é que comprar na baixa e vender na alta. É uma grande verdade que, de tempos em tempos, isso se repete com as crises, independentemente do mercado.
Mas por que isso acontece? Porque as pessoas são movidas por sentimentos e emoções, agem de forma irracional e adotam um comportamento de manada. Elas acabam vendendo suas posições porque todos estão vendendo e, consequentemente, os preços caem. Os investidores que conseguem enxergar a situação por outro ângulo, sem ser influenciados por notícias e especulações de futuro, acabam tendo um comportamento mais racional. Para ter essa visão diferenciada, é preciso estar com seu portfólio de investimentos muito bem alinhado aos seus objetivos e expectativas de longo prazo. Caso contrário, suas decisões de investimentos serão guiadas pela ganância e o medo.
E o que a pessoa que está começando sua jornada de investidor precisa fazer para se blindar do medo e da ganância?
1. Ter um conhecimento básico para entender o cenário atual e alinhar suas expectativas com a estratégia de investimento adotada. Dessa forma, o investidor vai conseguir tomar uma decisão mais coe- rente. Não pense que esse conhecimento é algo complexo: estou falando de educação financeira básica.
2. Visão de longo prazo e carteira diversificada. Esses ingredientes são essenciais para o investidor dormir tranquilo. Quando a sua expectativa está atrelada a objetivos de longo prazo, que vão se concretizando ao longo da vida, e seu portfólio de investimentos é diversificado a ponto de as turbulências de curto prazo não provocarem fortes desvalorizações, dificilmente o investidor vai tomar decisões “no calor da emoção”. Muito pelo contrário, ele pode até mesmo aproveitar a oportunidade para realizar investimentos a preços mais atraentes.
3. Por último, e não menos importante, os aportes recorrentes são determinantes para acelerar o processo de acúmulo de patrimônio. Quando o investidor cria o hábito de poupar com frequência e investir, ele estará fazendo um preço médio dos ativos que compõem sua carteira ao longo do tempo, o que lhe deixa mais confortável diante das fortes movimentações que acontecem no curto prazo. Arrisco dizer que mais importante do que o valor inicial do seu investimento é o quanto você consegue somar ao longo da sua vida a esse investimento, é o que chamamos de aportes recorrentes.
Acredito que esses três passos iniciais sejam a forma ideal para o brasileiro ter sucesso na sua caminhada de investidor ao longo de toda a vida. No próximo artigo vamos falar sobre o momento certo de investir e se ainda existem boas oportunidades batendo na nossa porta.