Desde 2016, a Bolsa de Valores se mostra uma excelente oportunidade de investimento para aquelas pessoas que aceitam correr algum risco buscando rentabilidades mais atrativas. Contudo, nesse mesmo período tivemos diversos momentos de fortes quedas de curto prazo. Você já parou para pensar o porquê dessas quedas?
A bolsa, quando está em tendência de alta, não sobe sem parar. Isto é, existem os dias de queda que, no linguajar do mercado, são “dias de realização de lucro”. Normalmente, esse movimento é originado com alguma notícia ruim, o que leva os investidores a reverem suas expectativas de futuro. Ele também pode representar uma pequena dose de incerteza no horizonte de curto prazo, que já é suficiente para que os investidores troquem suas posições mais arrojadas por investimentos mais conservadores.
Ou seja, cenários de maiores dúvidas costumam levar os investidores a uma maior aversão ao risco. Posso citar vários exemplos de notícias que movimentaram o mercado recentemente e dos quais você vai se lembrar. Com o atentado ao até então candidato Jair Bolsonaro, a bolsa caiu e logo depois voltou a subir. Posteriormente, a cada nova pesquisa de intenção de voto, a mudança de alguns pontos percentuais já era motivo para a volatilidade aumentar no mercado de ações. Tivemos também todo o desenrolar da reforma da Previdência e a guerra comercial entre EUA e China, quando o twitter do presidente Donald Trump era considerado pelos profissionais de mercado um importante vetor das bolsas mundo afora.
Nesse momento você deve estar se perguntando: para ser um investidor de bolsa é preciso estar atento a todos esses acontecimentos e estar no meio de toda essa turbulência? A resposta é NÃO. Toda essa volatilidade diária e a enxurrada de notícias que movimentam os mercados são de interesse, principalmente, dos investidores de curto prazo. Eles, em geral, buscam ganhar nas pequenas movimentações, sejam de alta ou de baixa. Além disso, esses investidores normalmente possuem mais experiência e usam estratégias pré-definidas com o objetivo de ter uma performance bem superior à média de rentabilidade do mercado. Convenhamos que acompanhar diariamente as notícias e estar antenado em busca de oportunidades dá trabalho, então nada mais justo que os lucros compensem todo esse esforço.
Enquanto isso, o investidor de longo prazo não está preocupado com os “dias de realização de lucro”. Uma vez que ele normalmente mantém suas posições por mais tempo, tais quedas podem representar oportunidades para comprar mais ações a um preço mais convidativo. Sendo assim, esse investidor geralmente não encerra suas posições diante das notícias ruins de curto prazo. Ele é mais focado nos resultados que as empresas que compõem sua carteira entregam. Portanto, um motivo para rever suas posições e vender suas ações pode ser, por exemplo, a divulgação de resultados decepcionantes, aquém dos esperados.
Você conseguiu perceber a diferença de comportamento do investidor quando comparamos ambas as modalidades de investimento? Como eles buscam capturar diferentes movimentos de mercado, em intervalos de tempo distintos, é natural que as estratégias utilizadas também não sejam iguais.
No início de janeiro, observamos que os EUA e o Irã quase entraram em um conflito armado, o que deixou os mercados bastante assustados e provocou a queda nas bolsas mundiais. Depois que o susto foi minimizado, vimos as bolsas voltarem a subir. A notícia da vez é o vírus na China, que já matou quase uma centena de pessoas e os números de infectados não param de subir. Novamente constatamos uma queda nas bolsas com preocupações de que isso possa desacelerar a economia chinesa e cause impactos em diversos países, tendo em vista que a China é considerada o motor da economia mundial.
Recebi mensagens de vários investidores preocupados com a queda nas suas carteiras de ações, me perguntando o que fazer. Nessas horas, vejo que as pessoas querem investir para longo prazo, mas adotam um comportamento de investidor de curto prazo. Isso é bastante perigoso, porque normalmente a mídia traz a manchete no formato de causar pessimismo, e o investidor inexperiente pode ceder ao pânico e encerrar suas posições em um momento inadequado. Lembro-me bem da crise do subprime em 2008 nos EUA, no qual fortunas foram perdidas. E o que aconteceu em 2009? O mercado se recuperou e voltou praticamente ao ponto anterior à crise.
Caso as quedas de curto prazo estejam causando alguma forma de incômodo, sugiro reduzir o capital que está exposto à renda variável. Talvez você esteja preocupado demais com seu dinheiro pois grande parte dele está oscilando no humor das notícias que movimentam a bolsa. E para você que ainda não investe, as quedas são excelentes oportunidades de começar a investir na bolsa.