Jornal Estado de Minas

PSICOLOGIA

Tempos de guerra: Homem goza ao exercer sobre o outro seu poder e crueldade

Conteúdo para Assinantes

Continue lendo o conteúdo para assinantes do Estado de Minas Digital no seu computador e smartphone.

Estado de Minas Digital

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e segurança do Google para fazer a assinatura.

Experimente 15 dias grátis


Voltamos ao que julgávamos superado. Ou desejaríamos que estivesse. Mas nem tudo são flores e querer não é poder. O ódio nunca desapareceu do horizonte da humanidade e nem será extirpado jamais. Não neste mundo.





Não na humanidade, pois esta já deu provas de tomar o poder pela força, antes física e depois bem equipada com instrumentos poderosos de destruição. Os homens gozam ao exercer sobre outro seu poder e crueldade, sem pudor nem remorsos.

O ódio escancarado em escala mundial, como em inumeráveis guerras sangrentas, no extermínio de povos indígenas, na escravidão dos negros, que conhecemos desde os livros de história nos bancos da escola, foi reprimido.

Ficou recalcado, não erradicado, faz parte da natureza humana. Represado pressiona para encontrar saída de descompressão e, em certas circunstâncias, escapa da censura interna e assume diversas formas, se transveste em pequenos atos ilegais cotidianos, corrupções, abusos dissimulados. E algum dia explode sem mediação.





Em resposta ao convite de Einstein sobre como prevenir a humanidade da guerra, Freud escreve “Por que a guerra?” (1932). E não se furta a expor uma abordagem psicológica sobre a violência, embora ele já houvesse dito muito sobre o tema.

Isto não o fez desistir de apontar que conflitos de interesse se resolvem com o emprego da violência. Assim é em todo reino animal, do qual o ser humano não tem como se excluir.

Porém, certos conflitos com alto grau de abstração parecem exigir outras técnicas de decisão. A força física foi progressivamente substituída por instrumentos e armas potentes, garantindo a supremacia ao maior arsenal com potencial intelectual para utilizá-las.

Depois disso, o caminho da violência foi substituído pelo direito, considerando a força da união afetiva de uma comunidade. Uma comunidade educada e civilizada torna-se permanente e estabelece as leis, vela por sua obediência, cuidando das desobediências.





A suspensão do direito ocorrida atualmente pela Rússia desrespeitou todos os pactos preestabelecidos internacionalmente entre as nações pelas vias diplomáticas. Força bruta e arsenal pesado.

Violência assim, em cujas formas mais extremas desejaríamos ver controladas, mina a instável paz mundial, em tempo de menores conflitos. Embora saibamos que formas mais sutis nunca desapareceram, nem deixaram de tirar nossa alegria.

Ódios recalcados, desejo de poderio, preconceitos dissimulados, demonstrados em racismo, homofobia, machismo, religiosidades, nem tão latentes, mataram muita gente e ainda estão bem ativos na nossa sociedade. São expressões de ódio com as quais lidamos todo dia.





E, finalmente, a Rússia. É preciso protestar, manifestar todo o desprezo e repúdio à invasão agressiva. 

Cenas como a do tanque mudando seu curso para esmagar um carro, como bombardeios a prédios de civis, são crimes hediondos inaceitáveis.

Voltamos ao tempo do ódio, das guerras e maior ainda é o perigo do uso de arsenal atômico, e de envolver todos os outros países da Europa e do mundo, seja em defesa da Ucrânia ou da Rússia.

Se não houver grande empenho da comunidade mundial e, felizmente, já vemos que todos se movimentam nessa direção, o ódio vencerá. 

Creio fortemente que as vias mais inteligentes alcançarão, por vias pacíficas, a vitória contra a truculência.