Jornal Estado de Minas

EM DIA COM A PSICANÁLISE

Estamos pagando caro pela nossa insensatez

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Estamos pagando caro pela nossa insensatez. Na Europa, o calor está matando pessoas com a onda causada pela elevação da temperatura global. Há anos se anuncia o resultado da devastação, do desmatamento e os resultados da ação predadora do homem acima do que qualquer animal na natureza.





Somos a pior espécie do planeta e achamos que somos mais, muito mais do que somos. E não é preciso ler nenhum livro para ver a quantidade de lixo produzido – o plástico, o barro da mineração, os gazes emitidos poluindo o ar. A morte da água dos rios, dos peixes, das matas e animais e, finalmente, devoramos o solo e tudo o que de onde tiramos nosso sustento.

Devemos nos debruçar para encontrar solução. Não haverá nada para nós na Terra se a marcha desenfreada pelo dinheiro e pela ilusão da felicidade consumista não nos permitir pensar para onde estamos sendo levados por nós mesmos, pelas escolhas alienadas.

Estamos anestesiados pela esperança de realizar em nossas vidas a promessa do capitalismo atual, que é a de que podemos realizar todas as vontades e ser o que quisermos.

Devemos conhecer o mundo todo, ter um carro que é a nossa cara, compramos coisas de que não precisamos.  E para atingir tal promessa, estamos fazendo um tipo de suicídio coletivo global.





Não são “eles” que fazem. Somos nós. Somos cúmplices da insanidade. Da busca pelo dinheiro, seja para acumular para 20 gerações à frente e me pergunto: para quê.? Para ver outros com fome, pois sem o planeta não haverá vida para gastar o capital acumulado.

Para comprar, comprar e ter o prazer de ter coleções das quais nem sempre podemos desfrutar, pois não há tempo de vestir todas as roupas, passear em todos os carros, andar em todo o mundo.

Se pudermos nos contentar com a vida e apenas com o necessário, somente o necessário, e entendermos que o extraordinário é demais, será o bastante para continuarmos respirando ar puro. Só deveríamos nos ater, principalmente neste momento, no evidente e lógico esgotamento do nosso mundo que se tornou pequeno diante de nossa voracidade.

E todos sabemos. E continuamos. Teremos o desejo de morte tão forte que o desejo de vida não possa com ele? Não consiga detê-lo? Muita gente tem vislumbrado o óbvio e alardeado o perigo, mas ainda são poucos. Poucos no antissistema.





A força e potência das máquinas construídas pelo homem em larga escala para aumentar a produtividade responsável pela extração de matéria-prima em altíssimo patamar é grandiosa demais.

Então é isso: marchamos para a morte a passos mais largos que o necessário e, por mais paradoxal que seja, o que nos leva é a sede de vida desmesurada e imediatista.

A incapacidade de lidar com a finitude, o medo da morte, nos faz ansiar tanto pela vida, que passamos a correr de braços abertos para o abreviamento dela em ampla escala, planetária escala. Correr para a “felicidade e fortuna” responsáveis pelo fim do mundo.

Não sou otimista. Porque a saída seria reverter o processo e os valores da nossa civilização. Para isso, cada um deveria aceitar limites pelo outro, porque dependeria de perder algo para ganhar depois, na qualidade do futuro. De que adianta acumular agora se não houver futuro?

O princípio da realidade, da razoabilidade, do adiamento do prazer imediato, que vem sustentando todo nosso sistema capitalista, tem feito de nós loucos desvairados lutando pelo próprio fim.

Este princípio do razoável seria deixar a infantilidade irresponsável de lado para assumir prescindir do luxo – lixo que não cabe mais no mundo. E aí, anestesiados, zumbis, continuamos com sangue nos olhos...