Desde o início da psicanálise, Freud tratou de entender os instintos de vida e de morte nos homens. Chamou-os de pulsões. Segundo ele, as duas são misturadas. Uma aponta para a proliferação da vida – das bactérias às espécies atuais. Outra aponta para o retorno ao inanimado, o repouso total.
Leia Mais
Temos de nos empenhar em realmente escutar o outroPrecisamos de outras linguagens, outras palavras a serem escutadasEstamos pagando caro pela nossa insensatezNovo livro de Oscar Cirino traz importante ajuda à//www.em.com.br/app/colunistas/regina-teixeira-da-costa/2022/09/11/interna_regina_teixeira_da_costa,1392639/amp.html>Estamos sem direção, perdidos nos excessos, na desobediência e na exclusãoO inconsciente, a psicanálise e o votoAcredito que pessoas de bom senso concordarão que os rumos da humanidade são desanimadores e que essa herança a ser deixada não está condizente com tudo o que construímos desde a invenção de instrumentos na Idade da Pedra, a descoberta do fogo, a roda e tudo mais que foi inventado para nossa comodidade e proteção.
A realidade virtual é o ápice, a meu ver, o coroamento da capacidade inventiva do homem. Um mundo paralelo no qual transitamos, mas não podemos nos mudar para lá. É no mundo real que temos o ar que respiramos, o verde que o produz, a água que bebemos e a terra onde plantamos, e em se plantando tudo dá.
O difícil é entender claramente que nos perdemos no caminho. Isso dói. O real, em si, é sem sentido, somos nós que lhe damos sentido e rumo, fazendo caminhar a humanidade. Fazemos isso a partir da educação, dos laços sociais e da política que dirige a civilização. Mas agora os sintomas desta civilização criada por nós para nossa sobrevida através dos descendentes mostram que ela está ameaçada. E os sinais são alarmantes.
Assistir ao jornal diário passa a ser atualmente evitado, motivo de insônia. Temos notícias terríveis de desmatamento, invasão de terras indígenas, assassinato de ambientalistas e todo tipo de barbaridade.
Visitei Alter do Chão, um dos balneários mais lindos do Brasil, às margens do Rio Tapajós. Coisa mais linda aquele rio verde com ondas feito mar. Areia branca e fina, matas lindas com pegadas de onças de manhã. Lagos onde filmaram a linda história da índia Tauá. Rio habitado pelo boto-rosa.
A cena daquela beleza toda poluída pelo garimpo foi de cortar o coração. Que insanidade trocar a natureza, que é a nossa vida, pelo vil metal (precisamos dele, mas não a ponto de acabar com tudo para encher os bolsos).
Garimpeiros inescrupulosos e ignorantes alardeiam na internet seu crime. É a tal vantagem dos espertinhos, conhecida como Lei de Gerson aqui no Brasil. Cervejada depois de enganar as autoridades, sem medo.
As queimadas no Pantanal, monoculturas e pecuária de dimensões imensas que avançam contra a natureza já são tema de novela, que, inclusive, traz o viés ecológico explícito para as telas de TV, com o ibope lá nas alturas. Sem falar dos crimes de preconceito, criança estuprada, abusada, discrepância entre fortunas e miséria, que não conseguimos superar. Ainda espero o avanço nesses campos.
Todos esses fatores são indícios de uma sociedade doente e da civilização que vai avançando com muitos equívocos. E seus protetores, apesar da luta incansável, ainda não conseguem reverter o avanço.
Disse Barack Obama que nossa sociedade está doente e a política também. Há muito o que fazer para que, conduzidos alienadamente pela pulsão de morte, não acabemos com toda a vida.