Jornal Estado de Minas

EM DIA COM A PSICANÁLISE

Preconceito estrutural é o espelho da nossa falta de educação cidadã

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Vivemos numa época de mudanças de paradigmas. Temos trabalhado incessantemente por um mundo melhor. Queremos corrigir as injustiças praticadas no passado, as violências e questionar a supremacia do homem branco sobre a natureza, sobre os animais e sobre outros povos. Supremacia que ele assumiu para si e hoje demonstra seus equívocos.





Temos uma ameaça climática decorrente da exploração predatória dos recursos naturais. No cenário mundial, embora sejam realizados movimentos em defesa das condições ambientais, os resultados são fracos e incipientes diante do que é necessário. Ainda se fazem guerras estúpidas para suprimir o outro.

Além disso, está clara a dificuldade em superar preconceitos estruturais resultantes da educação imperialista, tradicionalista e colonialista, que trouxeram ao mundo tantas desgraças e sofrimento.

Infelizmente, muitos consideram o politicamente correto chato. Ser educado significa a necessidade de acatar perdas de gozo, admitindo que não se pode tudo. Significa respeitar limites quanto ao que ofende o outro e as minorias. O politicamente correto impõe o necessário para conscientizar as pessoas de que certos comportamentos e ideias precisam ser abolidas.





Declarações como “... neste dia, como o dia em que o povo começou a se libertar do socialismo, da inversão de valores, do gigantismo estatal e do politicamente correto” ou “... tá proibido contar piada. O mundo tá chato pra cacete, o mundo tá pesado, sabe? Todas as piadas agora viraram politicamente erradas” só mostram a nossa resistência a mudanças e que precisamos entender que o que ofende o outro é desinteressante no processo civilizatório. E não tem graça.

O politicamente correto surgiu nos Estados Unidos como um movimento de esquerda em defesa da substituição de expressões, atitudes e percepções socialmente aceitas, mas ofensivas ou ameaçadoras para alguns grupos da sociedade, como mulheres, pretos, indígenas, LGBTQIA+ e pessoas com deficiência.

Nenhuma criança gosta de ser tirada do brinquedo para tomar banho, escovar os dentes, estudar. Mas a hora é de crescer e a infância passou. É tempo de aceitar que o politicamente correto é importante. Parece difícil, e nós nos pegamos no erro, principalmente os mais velhos, acostumados com preconceitos tolerados, sem crítica, comuns em casa de nossos pais e avós.





Pode até ser chato que, a cada dia, mais palavras e expressões sejam incorretas, mas faz parte do processo. Embora haja excessos, chegaremos ao equilíbrio. E, com certeza, seremos melhores.

Os preconceitos são estruturais porque crescemos com eles e parecem egossintônicos. Recalcamos e esquecemos aquilo que é incômodo e censurado, mas o que fica represado retorna. Agora, o que era banalizado nos salta aos olhos e nos damos conta do quanto precisamos medir e pesar. O que foi internalizado escapa. Porém, quando o reconhecemos, terá melhor destino. Principalmente para incluir o diferente, para dar lugar aos que foram e ainda são tratados como párias, inferiores e rejeitados. Ninguém deve ser tratado assim.

As minorias, hoje, ousam mostrar e sustentar suas diferenças, exigindo espaço e legitimidade. Querem ser respeitadas e não viver na marginalidade, pois o mundo é de todos – dos povos originários, pretos, mulheres, LGBTQAI e das pessoas com deficiências.

Os preconceitos estruturais estão em nós, mas representam a nossa falta de educação e o desrespeito por uma cultura plural. Exemplos não faltam.

Para não passar em branco: que Lula tenha precisão cirúrgica nos atos para desarmar a galera reacionária que está tocando o terror.