Foram impactantes as imagens que vazaram na internet dos alunos do curso de medicina da Universidade de Santo Amaro - UNISA. O fato aconteceu em abril, mas só agora viralizou. A direção da UNISA se posicionou expulsando seis alunos identificados, não todos. Agiram, talvez, pior do que os “homens das cavernas”, que se cobriam com peles. Sem condições de socialização por falta de decoro, respeito, postura civilizada.
Durante o jogo do vôlei feminino, exibicionistas seminus tocavam os órgãos genitais simulando se masturbarem e, detalhe, na frente da quadra. Não satisfeitos, deram uma volta olímpica com as calças abaixadas. Gravíssima ocorrência, desacato nojento, obsceno e abusivo.
A reação das pessoas, me incluo entre estas, foi de absoluta surpresa, mais para susto e indignação. Apesar de todas as campanhas feministas contra o preconceito, o desrespeito, o machismo, entre pessoas que serão nossos futuros médicos, é lamentável constatar que nem com toda informação estamos protegidos. Aliás, o real sempre aponta furo nos ideais.
O exibicionismo e o voyeurismo, prazer e gozo em se mostrar e olhar, são um tipo de perversão. Pulsões antissociais que com a educação normalmente deveriam ser reprimidas, dando lugar ao pudor, seguem sem modificação.
A repressão é um sacrifício que fazemos por vivermos em sociedade e devemos acatar que não podemos tudo. E, ali, ela falhou feio. O corpo deveria ser reverenciado, respeitado, principalmente por se tratar de estudantes de medicina, que recebem a noção de ética também durante o curso.
O desacato ao público é um crime passível de punição. Agravante: onde estavam os responsáveis e autoridades, técnicos e juízes, para reprimir ou notificar esse ato ocorrido há cinco meses? Alguém para chamar a polícia.
Não sou pudica e nem desconheço o corpo humano, o que choca não é a nudez, é a impropriedade. A vontade de gozo, a intenção de chocar, a exaltação do machismo, o desrespeito às mulheres, sem vestígio de civilidade. Se fosse no teatro, seria outra a cena.
Impossível não lembrar Diógenes, o cínico, que protestava contra a política e as autoridades se masturbando em praça pública dentro de um barril. Também Priapo, o deus da fertilidade, que exibia seu enorme falo em um dos pratos da balança, enquanto no outro prato equilibrava uma bolsa de moedas.
A exaltação-exibição fálica fez seus adoradores perderem a cabeça!! Faltou introjeção do que, em psicanálise, chamamos castração simbólica, ou seja, não podemos tudo. A vontade de gozo absoluto precisa ser contida no convívio para evitar abusos de qualquer tipo.
Então temos aí um absurdo que nos leva a perguntar se vivemos numa sociedade que caminha para a psicose generalizada. Pessoas loucas, sem nenhuma lei que as impeça de realizar totalmente sua vontade de gozo, de se deter por respeito à lei ou aos outros.
O que indica o quanto as famílias têm falhado na educação. E o quanto a função limitadora tem sido ineficiente, inoperante e sem efeito. Pessoas sem nenhum tipo de receio pelas consequências de seus atos, que, pelo visto, nunca conheceram castigo ou interdição.
Como disse Freud em “Psicologia de grupo e a análise do eu”, a turba enlouquecida e anônima é capaz de praticar todo tipo de ato.