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Bolsonaro se detesta; só pode

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No dia em que o Fundo soberano da Arábia Saudita anunciou, após visita de Jair Bolsonaro, um estrondoso investimento de dez bilhões de dólares no Brasil, o presidente passou o dia se justificando e se desculpando pelo vídeo infame que divulgou em suas redes sociais, em que um leão era perseguido por hienas - o leão seria o próprio Bolsonaro e as hienas, os petistas, ministros do STF, Rede Globo e ONU.

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Não foi a primeira vez, e certamente não será a última, em que uma boa notícia (fruto do bom trabalho do governo no campo econômico) foi ofuscada por uma besteira qualquer, dita ou escrita pelo presidente ou um dos filhos, não raro por todos juntos, ou ainda por um aliado não menos tosco e atabalhoado. Como na fábula do Elefante e o Escorpião, é da natureza (autodestrutiva) dessa gente tal comportamento, gostemos ou não.

Bolsonaro, por tática ou psicopatia, vive e apresenta-se sempre em pé de guerra com o mundo. Particularmente, acredito na segunda hipótese (psicopatia: substantivo feminino; distúrbio mental em que o doente apresenta comportamentos antissociais sem demonstração de arrependimento ou remorso; egocentrismo extremo e incapacidade de aprender com a experiência), pois o descreve com perfeita exatidão. Ou seria exata perfeição?

Vejam o caso dessa quarta-feira passada, quando a TV Globo, em uma matéria eivada de manipulação e má-fé jornalística, tentou envolver o presidente no assassinato da vereadora carioca Marielle Franco. Os fatos desmentiam de forma tão clara e acachapante a reportagem do Jornal Nacional, que bastava a um Bolsonaro, calmo e equilibrado, ainda que indignado e duro, apontar a vergonhosa conduta da emissora.

Entretanto, quem nasceu para ser pitbull jamais será lulu da Pomerania. Para não variar, o pai dos bolsokids surtou e atacou a emissora, seus jornalistas, o governador Wilson Witzel, a Polícia Civil carioca e o PSOL. Não satisfeito, ameaçou não renovar a concessão da Rede Globo (emulando Lula, Chávez e Maduro em seus “melhores” dias) e acusou a todos de tramarem manifestações violentas no Brasil, nos moldes do que acontece no Chile.

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Dias atrás, eu conversava com um amigo muito próximo de um ministro do governo. Na oportunidade, perguntei-lhe se saberia me dizer se Bolsonaro “fazia tipo” ou se de fato era assim, digamos, meio amalucado mesmo. Segundo o meu chapa, o presidente é “isso aí, sem tirar nem pôr”. O interessante é que, como ocorria com Lula, tal comportamento é visto como positivo por muitas pessoas, já que identificado como “autêntico”. E não adianta a gente argumentar que um presidente não pode se comportar assim, pois a resposta será: “votei no Bolsonaro foi pra isso mesmo”. 

O brasileiro é um bicho muito esquisito. Quando o presidente é elegante, eloquente e discreto como Fernando Henrique Cardoso (entreguista) e Michel Temer (golpista), não presta porque é soberbo, cínico e fingido. Quando é tosco, boquirroto e indiscreto, como Lula (ladrão) e Bolsonaro (miliciano), é humilde, franco e sincero. Ou seja, entre escutar latim e mesóclises, ou “saco roxo” (Collor, o corrupto) e uma saudação à mandioca (Dilma, a terrorista), nós gostamos mesmo é de “comer gente do grelo duro”. Depois reclamamos.

P.S.: Já adjetivei os presidentes citados, conforme o linguajar público, para poupar o tempo dos leitores e comprovar que sou um “isentão”, ou seja... uma hiena!

Pobre Argentina

 

“Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”. Anotem: em menos de dois anos, quiçá um ano, nuestros hermanos não saberão distinguir Buenos Aires de Caracas. Nós, sul-americanos, somos irremediavelmente incorrigíveis.