Pródigo - ironicamente falando, é claro - por uma sucessão ininterrupta de péssimos representantes políticos ao longo da história, o Brasil vem observando, atônito, à uma degradação inédita na imagem e atuação do STF.
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Metrô é para quem pode STF quer revogar de vez a prisão no paísDias Toffoli só pensa em unir o BrasilNa Venezuela de Chávez e Maduro, e recentemente na Bolívia de Evo Morales, as cortes máximas foram aparelhadas, ou melhor, sequestradas pelos facínoras de turno, e tornaram-se meros organismos de apoio aos ditadores. Na Bolívia, o caldo entornou. Na Venezuela, enquanto houver dinheiro para os militares, judiciário e tiranete não caem.
O Brasil está distante disso, claro, mas não há como não lamentar - e não temer - a firme rota de colisão entre STF e sociedade, após as sucessivas interferências (indevidas e desastrosas) no Legislativo e no combate à corrupção e ao crime organizado, tais como transferir para a Justiça Eleitoral os casos de corrupção envolvendo caixa dois de campanha; a diferenciação criada entre réus delatados e réus delatores que livrou da cadeia, dentre outros, Aldemir Bendine (ex-presidente do Banco do Brasil e Petrobras); o fim da prisão após condenação em segunda instância; e a paralisação de milhares de investigações e centenas de processos judiciais, baseados em dados compartilhados pelo antigo COAF, hoje UIF.
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Nenhum criminoso comum ou suspeito de roubar galinhas se beneficiou dessas decisões esdrúxulas, quase ‘sob encomenda'. Ao contrário. O rol de poderosos e ricaços é interminável. Lula e Zé Dirceu que o digam. Na fila, Cabral, Cunha et caterva.
Um dos traços mais marcantes desta situação de descrédito me ocorreu estes dias. Uma grande empresa de bebidas havia sido multada em quase 2 bilhões de reais pela Receita Federal. O dono chegou a ser preso. Eis que o caso foi julgado nesta semana e a Justiça decidiu que a empresa não só não é devedora, como é credora.
Na hora, pensei: juiz safado (talvez influenciado pela operação que flagrou desembargadores baianos vendendo sentenças. Uma desembargadora, pasmem!, possui 57 contas bancárias). Mas, logo em seguida, me lembrei das arbitrariedades comuns dos procuradores e promotores de justiça e, ainda mais comuns, dos fiscais tributários. Daí mudei de ideia e fiquei feliz pelo empresário 'injustiçado'.
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Percebam, meus caros, que o que jamais deveria ser questionado - ou objeto de dúvida - por mim, a honestidade do magistrado, imediatamente foi. Uma decisão judicial pode e deve ser combatida, mas jamais posta em xeque por esse aspecto. Porém, os sinais que a nossa própria Suprema Corte envia à sociedade, motivam tais suspeitas. Não à toa, apenas 18% dos brasileiros 'confiarem muito' no Supremo, enquanto 36% - o dobro! - desconfiam totalmente (fonte: Datafolha, 15/04/19).
As manifestações atuais miram ministros do STF, algo impensável até poucos anos atrás. Gilmar Mendes e Dias Toffoli, por motivos óbvios e mais que justificáveis, tornaram-se verdadeiros párias da sociedade e alvos de seguidos pedidos de investigação e impedimento, todos prontamente engavetados por um conivente - e conveniente - presidente do Senado (Davi Alcolumbre).
Um jornalista de renome disse ter sido 'um mico' a manifestação de domingo passado, contra o STF, por causa da baixa adesão popular. Discordo. Os atos ocorreram em diversas cidades e ainda que não tenham contado com multidões, foram atos específicos e bem objetivos. Anunciar o fracasso de uma manifestação contra a Suprema Corte por causa da falta de um grande público, me parece incongruente com a gravidade dos fatos.
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Se uma única pessoa bradasse contra o STF, já seria preocupante. Quando parcelas consideráveis da sociedade, imprensa, meios acadêmico e jurídico, e até organismos internacionais de prevenção e combate ao crime unem-se em severas críticas, não há como relativizar a situação e falar em 'mico'. Ao contrário. É hora de parar, pensar e agir, constitucionalmente, é óbvio, antes que seja tarde demais. Afinal, debiloides com saudade do AI-5 andam soltos por aí, e bem próximos ao Poder.
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