Eu estou chegando à seguinte conclusão: Jair Bolsonaro é um cara dramaticamente humilde e avesso à fama. Ao menor sinal de estrelato, ele - ou alguém escalado por ele - dá um jeito de apagar a luz. Explico.
Pelo lado dos parças do governo, esforço foi o que não faltou. O novo presidente da Funarte declarou que o rock induz às drogas, ao aborto e ao satanismo, e não estava nem brincando nem se referindo ao Rocky Balboa. E eu pensando que as roupas do Elvis eram apenas cafonas, e não um culto ao Coisa Ruim.
Já o novo presidente da Fundação Palmares, entidade criada para defender e fomentar a cultura afro-brasileira, ainda que corretamente, aqui e acolá, no conteúdo - jamais na forma -, partiu pra cima dos movimentos sociais e do dia da Consciência Negra, bem ao estilo do chefe: ‘feriado sob medida para o preto babaca a serviço da pauta ideológica progressista’. Quando ouço alguém assim acabo achando Ciro Gomes equilibrado.
E como não poderia deixar de ser, ou melhor, de faltar, o ministro da Educação (aquele que trocou o sobrenome de Franz Kafka por Kafta) conseguiu atrair para si - leia-se governo Bolsonaro - uma conta que é toda do PT ao comentar a tragédia brasileira no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, o PISA. Weintraub resumiu a uma ‘doutrinação esquerdófila’ nossa estagnação educacional nos últimos dez anos. Ao menos não xingou ninguém de égua. Tá melhorando.
Como eu disse anteriormente, só pode ser um movimento combinado com vistas a manter o presidente Bolsonaro longe dos elogios que seu governo faz por merecer de vez em quando, sobretudo na economia. Mas, desta vez, surgiu uma novidade: a turba costumeiramente mais barulhenta e idiota não deu um ‘pio’ sequer, e manteve-se num silêncio quase sepulcral. Nem 01, nem 02, nem 03 deram as caras.
Mas não sei, não. Quando a esmola é muita, o santo desconfia. Semana que vem a gente descobre.