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Opinião sem medo

Um ano para sorrir, que termina triste

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Em menos de um ano de novo governo, a taxa nacional de homicídios despencou mais de 20%. A inflação continua baixa e controlada. O risco-país encontra-se abaixo dos 100 pontos, algo inédito em mais de uma década. E a Selic desceu ao recorde histórico (4.5%). Por que, afinal, o Brasil - e brasileiros - continuam tão pessimistas e mal-humorados?

Posso identificar três principais focos: as quase diárias declarações inconvenientes do presidente Bolsonaro, seus filhos e ministros amalucados; o cada vez maior corporativismo do Congresso Nacional; a crescente insegurança jurídica advinda do STF e da corrupção impregnada nas Cortes de Justiça.


Dos três, o mais fácil de corrigir seria Bolsonaro e sua turma, mas não há sinal nesse sentido, num raio de 250 mil quilômetros quadrados. Quanto ao Congresso, as decisões são cada vez mais dissonantes do desejo da sociedade (fundo eleitoral, prisão em segunda instância, pacote anticrime, etc). E o Judiciário continua de mal a pior, senão vejamos as recentes entrevistas de Gilmar Mendes e Dias Toffoli, além dos ‘grampos’ envolvendo Alexandre de Morais e as prisões dos desembargadores baianos.

O Brasil precisa muito de dinheiro para investimentos e o mundo está com os cofres lotados. Mas ricos não são ricos à toa. Ricos não ficam ricos rasgando dinheiro ou investindo mal. Ricos correm riscos quando o prêmio compensa, e o Brasil não está compensando, a despeito do bom momento econômico que ensaia iniciar-se. Por isso não deslanchamos, não criamos empregos, não melhoramos a renda e continuamos mal-humorados, para não dizer ‘putos da vida’, com o país.

Que os donos das canetas - e das línguas soltas - tenham mais juízo em 2020 e pensem na sociedade que lhes banca a boa vida. Do contrário, infelizmente, ainda que com tantos motivos para sorrir, provavelmente continuaremos ranzinzas e reclamões. Pior. Pobres, desempregados e cada vez mais parecidos com o Chile de dois meses atrás, se é que me entendem.

Boas Festas!