A penetração da internet, em absolutamente todos os estratos sociais, ainda que, obviamente, em maior ou menor grau, assim como a massificação das redes sociais e aplicativos de mensagens, deram forma e conteúdo a comportamentos individuais antes despercebidos.
Recentemente, a cultura tem sido alvo frequente de ataques furiosos nas redes sociais. O privilégio da intolerância e da ira não é mais do futebol e da política. Que digam os filmes Democracia em vertigem e Especial de Natal: a primeira tentação de Cristo, e seus autores (Petra Costa e Porta dos Fundos), coincidentemente ou não, militantes de esquerda.
Em anos passados, boa parte do Brasil, que dispõe de tempo, mínima capacidade cognitiva e acesso às redes sociais, dedicou energia e meses ao debate da censura a exposições de arte ou peças teatrais, por apresentarem conteúdo sexual explícito e impropriedade de classificação etária. Hoje, a treta é por causa de religião e narrativa política.
Não é do meu gosto ‘encenação teatral’ onde ‘atores’ introduzem os dedos nos ânus uns dos outros. Por isso não vou e, consequentemente, não levo a minha filha de doze anos. Tampouco me aprazem filmes que debocham de religião ou carregam para as telas uma visão política falsa e dissonante da minha. Igualmente não os assisto, e assim não torro tempo e dinheiro me irritando.
Ato contínuo, como não vi e não me incomodei com o que não considero útil, não trago comigo o sentimento e o comportamento do ‘ódio’. Por isso, não inundo as redes sociais de comentários energúmenos e nem entulho o Poder Judiciário com ações mesquinhas para satisfação pessoal ou favorecimento político.
Se eu tivesse o poder de influenciar alguém, o faria no sentido de mais tolerância e menos egocentrismo. Que cada um expresse sua ‘arte’ da forma que bem entender, desde que dentro das leis, claro, e que receba apenas o que merece de quem não gostar: o desprezo.
Xingamentos e pedidos de censura são expressões toscas desse tal ‘ódio’. Para mim, exercido por gente bocó, que emocionalmente ainda não saiu das cavernas. Que fiquem por lá e deixem o mundo civilizado (com todas as suas visões e narrativas) em paz.