Bolsonaro está como biruta de aeroporto em meio a uma tempestade tropical. Ora ataca, ora defende. Xinga e chora (dizem). Um dia vai à TV e ridiculariza a pandemia que ultrapassou a marca de um milhão de contaminados em todo o mundo, com mais de 50 mil mortes (oficiais), e no outro dia diz que precisamos salvar vidas.
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Diante de um isolamento sem precedentes recentes - nem Dilma Rousseff conseguiu a proeza de desagradar a tantos - e pressionado pela ala militar que o cerca, Bolsonaro ensaiou um pequeno recuo em seu último pronunciamento à nação, ainda que no dia seguinte tenha divulgado um vídeo falso para ‘cutucar’ prefeitos e governadores.
Diante de tudo o que já conhecemos deste senhor, acreditar na sinceridade do seu recuo é como acreditar na inocência de Lula. Bolsonaro não só é emocionalmente desequilibrado o bastante para mudar de ideia em segundos, como sua índole não é (nem nunca foi) a da união. Resta, pois, apostar exclusivamente numa estratégia político-eleitoral.
Acuado também por panelaços imensos e perda de apoio nas redes sociais, o presidente tenta estancar o derretimento da sua imagem e popularidade. Particularmente, não creio que consiga e considero que seja tarde demais. Paciência tem limite. E paciência, em tempos como estes, mais ainda. Bolsonaro poderia ter saído maior, mas preferiu apostar contra tudo e todos. Acho que quebrou a cara.