A memória do brasileiro - talvez de todos os terráqueos - costuma ser fraca e seletiva. Lembramos bem de gols decisivos e datas comemorativas, mas pouca importância damos aos fatos passados, atitudes tomadas e frases ditas.
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COVID-19: O setor público precisa cortar na carne Bolsonaro e seus militantes cada vez mais insuportáveis A pandemia do coronavírus e Jair 'Peter Pan' BolsonaroBolsonaro e a natureza do escorpião Brasil e Bolsonaro perigosamente próximos do abismoDias atrás, o deputado federal Osmar Terra, recentemente cotado para assumir a pasta da saúde após a demissão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, afirmou que o novo coronavírus faria menos mortes que a gripe H1N1. Também foi taxativo ao afirmar que “podemos comemorar, pois atingimos o pico da doença em São Paulo”. De lá para cá as mortes não cessaram, e a doença já matou mais gente que a H1N1, dengue e sarampo somados em todo o ano de 2019.
Uma a uma as apostas desastradas de muita gente vêm caindo por terra, infelizmente. O próprio presidente da República cansou de dizer que “não é pra isso tudo; é só uma gripezinha, um resfriadinho”. E também cravou, em 13 de abril: “parece que está indo embora essa questão do vírus”.
Donald Trump, presidente norte-americano, um dos principais negacionistas desta crise toda, teve de recuar nas palavras e talvez nos pensamentos. Como ele, Boris Johnson, primeiro-ministro inglês (que contraiu a doença e precisou ser hospitalizado) e Shinzó Abe, seu colega do Japão, que relutou ao máximo adotar medidas restritivas no país. Todos vêm colhendo más notícias que antes eram tratadas com extremo desdém.
Não se trata de agora proclamar “eu te disse” ou “assuma que errou” para tantos, mas é hora, sim, de expor a verdade como contraprova às falácias ditas, por ignorância ou má-fé, por essa gente toda. Não como uma guerrinha pessoal, em que o importante é vencer a treta, mas como forma de aviso: “não acreditem em tudo o que eles dizem”.
Aliás, se querem mesmo saber, acreditem muito pouco no que eles dizem. É um sábio conselho para o difícil futuro que nos aguarda.