Pra que falar a verdade, né, presidente, se mentir é mais fácil e dá mais audiência?
Pra que dizer que a OMS apenas autorizou o reinício dos estudos com a tal cloroquina, após a polêmica do estudo inglês, divulgado pela revista Lancet, e não que “voltou atrás” afirmando que sua droga predileta funciona contra a COVID-19?
Pra que dizer que a mesma OMS já esclareceu a declaração dada durante uma entrevista, por uma médica, e afirmou que, sim, assintomáticos disseminam o novo coronavírus, ao contrário do que foi entendido e o senhor fez questão de divulgar como um fato?
Aliás, ainda sobre a OMS, não obstante todas as trapalhadas da entidade, o senhor já deturpara, dias atrás, uma fala do presidente daquela organização, levando os brasileiros a acreditar que a orientação havia sido “voltem ao trabalho”.
Pra que dizer que houve um pequeno aumento, um descontrole momentâneo nas queimadas na Amazônia, quando o número exato aponta para um crescimento de mais de 30% em relação ao mesmo período do ano passado?
Pra que dizer que a brutal recessão econômica que enfrentaremos é culpa da pandemia (e uma parte do seu governo, já que os números anteriores não estavam nenhuma maravilha), e não dos prefeitos e governadores, como o senhor vem repetindo, cinicamente, à exaustão?
Pra que dizer que Donald Trump é um amigo do peito, irmão camarada, se o bufão americano não se cansa de citar o Brasil como exemplo de descontrole da doença, além de ter restringido o fluxo de turismo entre os dois países?
Pra que dizer, ou melhor não reconhecer, que é um incapaz, um despreparado até para reles deputado do centrão, imagine para presidente da República, e por isso líder do mais absoluto desgoverno da nossa triste história, ao invés de culpar “eles”, que não te deixam governar?
Pra que, afinal, falar a verdade em um país tão acostumado a ouvir e a acreditar em mentiras, não é mesmo?