Meio que sem saber ou meio que sem querer saber, o governo brasileiro vai tocando sua vida, em meio à pandemia do novo coronavírus, como se muito pouco, ou quase nada, estivesse realmente acontecendo no País.
É surpreendente que, com dois milhões de casos confirmados e mais de setenta e cinco mil mortos oficiais, não tenhamos sequer um ministro da Saúde. Pior: continuamos discutindo reabertura do comércio, eficácia da cloroquina e presença de militares no governo, e assistindo à reprise de um filme velho e surrado, a corrupção comendo solta nos estados e municípios.
Aliás, fora do âmbito federal, prefeitos "vêm e vão" em decisões movidas por pressão política e popular, enquanto governadores, perdidos e sem dinheiro, viram-se como podem, órfãos que são - e estão - da União. A COVID-19 escancarou a necessidade premente de um novo pacto federativo. O dinheiro da cidade deve ficar na cidade, depois seguir para o estado, e só então para Brasília.
Já a treta da semana ficou por conta do embate entre o ministro Gilmar Mendes e o general Eduardo Pazzuelo, onde o primeiro, acertadamente (para variar), corresponsabilizou o exército brasileiro pelo que chamou de genocídio. Ofendidos, os militares do governo retrucaram e judicializaram a opinião. Alguém tem de explicar a esse pessoal que, fora dos quartéis, criticar oficiais não é crime nem proibido.
Pois é. Enquanto o mundo político bate cabeça, o povo bate as botas. Que as benditas vacinas cheguem logo, pois são tudo o que nos resta.