Aliança com o Centrão e líderes políticos envolvidos em casos de corrupção; indicação de um PGR francamente opositor à Lava-Jato; uma provável (e inevitável) onda de aumento de impostos; farta distribuição de cargos em ministérios e secretarias…
O governo Bolsonaro vem rompendo com todas as bandeiras de campanha que levaram o “mito” a vencer a eleição de 2018. Precocemente, vem se transformando em “mais do mesmo”, mas com um tempero inédito e ainda pior: pitadas de autoritarismo extremo.
Até mesmo a prática do assistencialismo eleitoral, tão corretamente criticado nos tempos do lulopetismo, ensaia ser a nova tônica deste governo. Assim como Lula “roubou” de FHC os programas sociais e criou o Bolsa-Família, Bolsonaro promete o Renda Brasil.
A bandeira do combate à corrupção caiu por terra. Um governo liberal, enxuto e pró-empreendedorismo não sai do papel. O lema “menos Brasília e mais Brasil” foi engolido pelo jogo rasteiro da pior política. Só restou ao governo o antipetismo radical e a busca do eleitorado mais pobre, como suporte eleitoral.
Para quem, como eu, apostou em algo melhor - ainda que sem muita esperança, e por mera falta de opção no segundo turno - Jair Bolsonaro é a síntese da decepção. Para não dizer, a síntese de um enorme estelionato eleitoral. E para piorar, em meio à essa maldita pandemia de coronavírus, que deixará como saldo, além de milhões de mortos e doentes, a maior crise econômica da história mundial.