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OPINIÃO SEM MEDO

Bolsonaro, como Dilma: da reeleição ao impeachment

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A ex-presidente Dilma Rousseff dizia, ainda no início de 2014, bem antes da campanha eleitoral, que iria “fazer o diabo” para vencer a eleição. E de fato, fez. Estourou as contas públicas, usou e abusou da corrupção e do caixa dois, colocou a máquina federal a seu favor e mentiu como ninguém.





Jair Bolsonaro se elegeu prometendo combater a corrupção, conter os gastos públicos e reformar o Estado ineficiente e perdulário. Montou um time de ministros apto a realizar tais tarefas, porém, pouco a pouco, foi abandonando cada uma de suas promessas eleitorais. Recentemente, esqueceu de vez a tarefa de governar e só pensa em eleição.

Reeleita, Dilma “desdisse” o que dissera. Reconheceu que o Brasil estava quebrado, adotou uma forte contenção de gastos e trouxe Joaquim Levy para o governo (uma espécie de Paulo Guedes), na tentativa de acalmar o mercado e os agentes econômicos. Porém, já era tarde demais. Atolada em recessão, desemprego e Lava-Jato, foi impichada por fraude fiscal.

Bolsonaro, ao que parece, ruma firme à reeleição. Ainda que seja muito cedo, que o Brasil pós-COVID-19 seja uma incógnita e que os rolos, seus e dos filhos, sejam uma caixinha de surpresas, o patamar de aprovação que vem mantendo o habilita a ser reeleito presidente da República em 2022. Mas e daí? E após a hipotética vitória? Resistirá por mais quatro anos?

As contas públicas brasileiras foram para o beleléu, outra vez. Após um curto controle com Michel Temer e a expectativa de continuidade (deste controle) com a aprovação da reforma da previdência, é certo que a pandemia de coronavírus estragou nossos planos. Pior. Sequer poderemos contar com o resto do mundo para nos salvar, pois desta vez ele está - e estará - em frangalhos também.





Assim, em caso de reeleição, Bolsonaro não só não terá mais qualquer bandeira para lhe sustentar, já que combate à corrupção, hoje sabemos, definitivamente não é seu forte, e tampouco as reformas estruturantes, como não lhe será possível praticar populismo econômico (corona voucher, obras faraônicas etc) para manter a popularidade. 

De resto, teremos o conhecido binômio recessão/desemprego, temperado com juros e câmbio nas alturas, e pitadas de ira popular. A Bolsonaro restará a tentativa de nova guinada autoritária, mas sem apoio algum, não passará do primeiro degrau. Sobrará, portanto, ao ex-mito, aceitar o mesmo destino daquela que insistiu em emular. 

Se não quiser reviver - e fazer o País reviver - o mesmo ciclo perverso petista, o presidente precisa abortar os planos perdulários dos tais desenvolvimentistas e retomar suas promessas de campanha. Os problemas para isso são dois: ele próprio, um anti-liberal histórico e militar corporativista; e seus filhos, que precisam de proteção política, leia-se, Centrão. 

Resumindo: a solução do problema é o próprio… problema! Bolsonaro não terá vida fácil, não. Nem a gente.