Resta cada vez mais evidente o retorno do presidente às suas raízes políticas. Após aderir ao Centrão e iniciar uma guerra surda contra a Lava-Jato, o estelionatário eleitoral agora abandona, uma a uma, as políticas econômicas de austeridade fiscal e liberdade de mercado.
Bolsonaro pautou sua carreira parlamentar como um obscuro deputado fisiologista do baixíssimo clero. Sempre votou contra a iniciativa privada e em favor do Estado. Jamais foi um liberal ou sequer combativo ao gigantismo estatal.
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Na eleição, o “mito” nos apresentou Paulo Guedes como a salvação da pátria. O Posto Ipiranga tinha respostas para tudo e seria o condutor do Brasil ao posto de nação desenvolvida, afastando o País do risco socialista.
Bolsonaro obteve o apoio do grande empresariado nacional, que enxergava nele, finalmente, a chance de uma economia liberal e pujante. Ledo engano! Pau que nasce torto não conserta. Na primeira chance, o amigo do Queiroz debandou.
Assim como largou Sergio Moro pelo caminho, o presidente riscou Paulo Guedes da sua agenda íntima. A ala desenvolvimentista, leia-se perdulária, dos ministros venceu a luta pela chave dos cofres. Lá se vai nosso suado dinheiro.
Bolsonaro não deu cartão vermelho para o ex-Posto Ipiranga. Deu para o Brasil. Retirou da equipe econômica a responsabilidade pelo desenho do tal Renda Brasil e a transferiu para o Congresso. Qual Congresso? Bem, este que temos aí.
Caberão a figuras ilibadas, como Ricardo Barros, líder de Bolsonaro na Câmara, alvo de operação policial, e à bancada evangélica, que pretende perdoar 1 bilhão de reais de dívidas das igrejas com a União, a construção do programa assistencial.
Guedes e seu time previam contrapartidas, ou seja, fontes de financiamento para cada real gasto a mais (que o Bolsa Família) no novo programa. Contudo, o caráter eleitoreiro e populista do tal Renda Brasil não permite. A ideia é gastar, e não como pagar.
O presidente tem dito que “não irá tirar dinheiro do pobre para dar ao paupérrimo”. Beleza. Resta saber, então, de onde irá tirar a grana de que precisa para esconder seu péssimo governo, enquanto emula as piores práticas políticas do lulopetismo.
Apertem os cintos e protejam os bolsos, meu caros. Ao que tudo indica, como sempre, quem pagará essa conta seremos nós. Aqui funciona assim: a gente trabalha e produz a riqueza que esses caras decidem como, quando e onde gastar.
Sem nos consultar, é claro.