Jornal Estado de Minas

RICARDO KERTZMAN

CoronaVac: já temos vacina

Bolsonaro vive alegando, em defesa de sua incompetência, negacionismo e profunda ignorância, que o STF o impediu de atuar no combate ao novo coronavírus. Bobagem. Mais que isso: mentira. O Supremo nunca proibiu nada, apenas reconheceu - conforme manda a lei - que prefeitos e governadores têm autonomia sobre seus municípios e estados. Em suma, caso haja conflito entre as esferas municipal, estadual e federal, “cada macaco no seu galho”.




 
O maníaco da cloroquina, caso declarado soberano como administrador das ações contra a pandemia, teria protagonizado um desastre ainda maior, e pior, do que assistimos hoje em Manaus, onde centenas de pessoas já perderam as vidas por falta de oxigênio. Bolsonaro teria inundado o País, de norte a sul, com vergonhosos saquinhos plásticos de “tratamento precoce”, algo tão útil, eficaz e verdadeiro quanto suas falas alopradas sobre o vírus.
 
Para a nossa sorte, os ministros da mais alta Corte de Justiça do Brasil reconheceram a autonomia dos executivos municipal e estadual. São eles, aqui e ali, como podem e diante de enormes dificuldades, desde a falta de recursos às próprias limitações pessoais, que tentam salvar o maior número possível de vidas (ainda que nem todos, e me refiro àqueles corruptos e aproveitadores, estejam imbuídos deste espírito), ao contrário do que faz o governo federal.
 
Se não fosse o governador de São Paulo, João Doria - goste você dele ou não - hoje não teríamos qualquer vacina, pois o psicopata genocida que (des)governa o Brasil e seu general bibelô ainda não conseguiram comprar nem uma gota de imunizantes. É graças ao “calça apertada" que milhões de brasileiros dos grupos de risco começam a ter mais chances de vida, enquanto o déspota do Planalto tenta, agora, confiscar aquilo que sempre desdenhou.




 
Não se esqueçam, jamais!, que o tirano amigo de milicianos foi contra a CoronaVac desde o princípio. Não por convicção ideológica e preocupação com a saúde e segurança dos brasileiros, mas, exclusivamente, por interesses políticos mesquinhos, tão próprios a quem não se importa com a morte de milhares, desde que seu poder - e a impunidade dos seus filhos - esteja garantido. Bolsonaro não difere, em nada, dos piores facínoras da história humana.
 
Parabéns e muito obrigado, governador João Doria. Não me simpatizo com o senhor nem tampouco o tenho entre minhas intenções de voto. Mas não reconhecer sua competência em fazer o que o Capitão aloprado até hoje não conseguiu, não seria apenas desonesto, mas injusto e ingrato. Tenho muitos defeitos, mas desonestidade, injustiça e ingratidão não estão entre eles.

audima