O verdugo do Planalto acabara de ser eleito. Contava com forte popularidade e apoio no Congresso. Oposição só se via em parte da imprensa. Ainda assim, sem qualquer razão aparente, guerreava contra os demais Poderes e a própria democracia.
Atacava, diariamente, o Legislativo, e participava de atos que pediam o fechamento do STF, ao mesmo tempo em que se tornava cada vez mais grosseiro e agressivo com jornalistas e empresas de comunicação, sobretudo os Grupos Globo e Folha de SP.
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Não fosse a prisão do amigo de fé, irmão camarada, Fabrício Queiroz, o miliciano que depositava cheques na conta corrente da primeira-dama e pagava despesas da família Bolsonaro, talvez hoje eu não estivesse aqui, em liberdade, escrevendo.
O carequinha, encontrado mocado no cafofo do advogado do presidente em Atibaia, São Paulo, foi o “sossega-leão” que fez com que o devoto da cloroquina enfiasse o rabinho entre as pernas, e com que a ala militar mais ideológica enxergasse o óbvio.
De lá para cá, com a chegada do maldito novo coronavírus no País, em de março de 2020, o maníaco do tratamento precoce “pirou o cabeção” com força, e passou a ser um verdadeiro estorvo para a nação. Um sociopata, homicida, negacionista e trapalhão.
UM ANO DE PANDEMIA
Há um ano este sujeito não dá um segundo de trégua, e tornou o combate à COVID-19 uma guerra fratricida entre brasileiros, de um lado, racionais, e de outro, energúmenos fanáticos semelhantes ao “mito” idolatrado, presos em narrativas surreais e ridículas.
O resultado desta história de pouco mais de dois anos é um País devastado economicamente e sanitariamente, onde não se sabe o que é mais dramático; se as 315 mil mortes ou os mais de 15 milhões de desempregados, somados aos 40 milhões de informais.
Com o sistema de saúde colapsado e sem vacinas, o Brasil assiste à morte de 4 mil pessoas a cada 24 horas. Não tudo, mas muito disso, deve-se exclusivamente ao psicopata aboletado na Presidência da República. E, finalmente, o Congresso e as elites acordaram.
O CENTRÃO ACORDOU
Uma carta aberta assinada por nada menos que 500 (hoje são mais de 2 mil) pesos-pesados do PIB brasileiro foi a senha para que os cúmplices do C
entrão enxergassem a oportunidade de ouro para tomar o Poder do pulha obscurantista. O que não é o ideal, claro.
Arthur Lira, recém-eleito Presidente da Câmara dos Deputados, e apoiado pelo próprio Bolsonaro, ameaçou explicitamente o presidente com um processo de impeachment. Por sua vez, Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, se tornou uma espécie de primeiro-ministro.
Juntos, enquadraram o “sócio do coronavírus” e exigiram, de imediato, algumas das piores cabeças (cabeças?) do desgoverno, como a do general-fantoche, Eduardo Pazuello, e do pior ministro das Relações Exteriores da nossa história, o tresloucado Ernesto Araújo.
FORÇAS ARMADAS
Ao mesmo tempo, a parte razoável e democrática - e amplamente majoritária! - das Forças Armadas deu um basta à sanha homicida e golpista do Capetão Cloroquina. Com isso, só restou ao ex-terrorista do exército (existe ex-terrorista?) lustrar certos coturnos.
Bolsonaro, a fim de agradar parte da ala militar e garantir algum tipo de apoio, trocou generais por generais e nomeou alguns outros. Tal movimento incrementou ainda mais a participação de militares da ativa no governo, aumentando os salários e as “mordox” da tigrada.
É a maneira que o papito do Bananinha encontrou para, digamos, cooptar algumas estrelas, como se as existentes nos primeiro e segundo escalões da administração federal não fossem suficientes o bastante para garantir um mínimo de segurança ao seu frágil mandato.
ÚLTIMA CHANCE
A segunda-feira (29/3) foi pra lá de movimentada nos bastidores de Brasília. Para agradar ao Centrão e acalmar os milicos, Bolsonaro mexeu peças ao gosto do freguês. O diabo é que, na política, "freguês" é muita gente. Agrada-se a alguns e desagrada-se a muitos.
No campo político, bastam ministérios, cargos, verbas e algum poder (muito!) que quase tudo se resolve. Já nos quartéis, a banda toca diferente. Ao mexer com gente graúda como mexeu, o maridão da “Micheque” pode ter dado um verdadeiro tiro de canhão no próprio pé.
Os próximos dias serão cruciais para o futuro do desgoverno Bolsonaro e do próprio Brasil. Torcer por impeachment ou uma crise institucional, a esta altura da pandemia, seria torcer por mais caos. Particularmente, gostaria que as coisas se acalmassem primeiro.
Daí, num momento menos mortal, com vacinas e retomada da economia, adoraria ver o “anjo da morte” e toda horda que lhe cerca, não só apeados do Poder, como sentados no banco dos réus, sendo processados, julgados e condenados, na forma da lei, que é o que todos merecem.