E continua a demoníaca - no sentido figurado, é claro - interferência da religião no Estado, o que deveria ser, a essa altura do século XXI, mais do que intolerável em uma sociedade que se pretende moderna e democrática.
Na esteira da absurda e precária decisão do ministro bolsonarista Kássio Nunes Marques, do STF, que determinou a abertura de igrejas e templos religiosos por todo o país, a despeito da determinação do Poder Executivo local, a Câmara Municipal de Belo Horizonte votou e aprovou um Projeto de Lei, do vereador Henrique Braga (PSDB), não coincidentemente um pastor, que torna estes locais “serviços essenciais”.
A lógica dos vereadores que disseram “sim” a essa patuscada é de difícil compreensão, afinal escolas e pequenos comércios, que garantem o sustento de pais de família, não são por eles considerados essenciais, mas as igrejas, sim.
Alguém duvida que por trás deste projeto há o simples propósito arrecadatório? Porque, convenhamos, se algum cristão, evangélico, judeu, budista, muçulmano etc disser que sua fé não pode ser professada senão em templos, não é um devoto que preza. A não ser que despreze completamente a onipresença divina e jamais faça novamente suas orações antes de dormir ou em qualquer outro lugar.