Quando os cantores de rock nacional dos anos 1980 e 1990 compunham canções críticas ao Brasil, com refrões como “Que País é este” ou “Brasil, mostra a tua cara”, demonstravam toda a revolta de uma sociedade que, após anos de ditadura militar, voltava a poder se expressar de forma livre, através das artes e da imprensa. Mal sabiam, contudo, que três décadas depois, suas músicas estariam ainda mais atuais e fariam ainda mais sentido.
Imaginem um filme B de ficção em que dois assassinos, após uma chacina sem precedentes, deixassem o local do crime com provas suficientes para condená-los a séculos de prisão. Há um dito policial que diz que “todo assassino retorna ao local do crime”, portanto, a estratégia para se iniciar uma investigação é “montar acampamento" onde o crime ocorreu e esperar a aparição dos bandidos. Ao menos nos filmes, isso sempre funciona.
Como a vida imita a arte, eis que Jair Bolsonaro, o verdugo do Planalto, e Eduardo Pazuello, seu general fantoche que ocupou o ministério da Saúde, depois de conduzirem o Brasil e a capital do Amazonas a um morticínio sem precedentes na história do País, abandonando os manauaras à morte por asfixia e o resto dos brasileiros a uma morte um pouco menos cruel por COVID-19, retornaram ao local do massacre que promoveram.
Neste último fim de semana, os maníacos do tratamento precoce foram passear em Manaus e se mostraram não apenas sem remorsos pelo que fizeram, mas, em aparições insanas, investiram no deboche e na dose extra de potencial disseminação do coronavírus. Enquanto o presidente gargalhava em um programa de TV, segurando uma placa infame, seu bibelô de farda passeava em um shopping center sem máscara de proteção.
O recado que os devotos da cloroquina passaram é claro, direto e profundamente repulsivo, além de sombrio: não nos importamos; não nos arrependemos; queremos mais. Bolsonaro festejou "CPFs cancelados” e Pazuello se comportou como se comportava como ministro. Os dois estão a nos dizer que mandam no Brasil; que não têm medo de nada nem de ninguém; e que continuarão com a tática homicida do “quanto pior, melhor”.
Renato Russo, Cazuza e outros daquela geração de ouro que se foram tão precocemente devem estar se revirando em seus caixões. Jamais imaginaram que poderiam antever algo tão, me perdoem o palavrão, mas me lembrei de outro rock dos anos 1980, escroto assim. É isso: Pazuello, Bolsonaro vocês são bichos escrotos! Ambos deveriam, no mínimo, estar fora do governo. No limite, e mais que merecidamente, na cadeia.