Belo Horizonte elegeu um rapaz ultrarradical de extrema direita como vereador, e não há mal algum nisso. Afinal, há representantes de toda sorte na CMBH, desde evangélicos e comerciantes, passando por transsexuais. A democracia pressupõe aceitação e respeito, coisas que, aí, sim, causam mal quando ausentes.
Nikolas Ferreira é um garoto ainda - está com 24 anos - e foi o segundo vereador mais votado em Belo Horizonte. Perdeu apenas para a professora de literatura, a “trans” Duda Salabert, o que mostra bem o nível de polarização na política. Duda é do PDT e luta pelos direitos LGBT%2b. Nikolas é do PTB e rechaça tais direitos.
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Durante reunião virtual entre os vereadores de BH e o prefeito da cidade, ocorrida nesta segunda-feira (10), Alexandre Kalil e o ‘bolsokid’ Nikolas - brinco assim, pois um apoiador fervoroso do presidente Jair Bolsonaro - trocaram farpas. O vereador disse poucas e boas verdades ao prefeito, que não gostou e apelou como sempre.
Devoto do bolsonarismo mais aguerrido, ao final de suas cobranças Nikolas, que até então havia se comportado civilizadamente, assumiu a gênese bolsonarista e ofendeu o prefeito. Como todos sabemos, Kalil já não é lá muito tolerante e cortês quando bem tratado. Quando ofendido, então, parte para o abraço de tamanduá.
O prefeito lembrou sua condição de “eleito no primeiro turno”, algo que a turma do bolsonarismo adora invocar em defesa do seu mito. E fez bem! O garoto disse que os belo-horizontinos se envergonham de Kalil. Bem, se assim fosse o resultado da eleição teria sido outro. O prefeito foi reeleito por esmagadora maioria: 63%.
Kalil lembrou também que o vereador espalhou notícia falsa sobre seu filho, e até ensaiou alguma justificativa para os gastos excessivos em publicidade, apontados por Nikolas. Infelizmente, contudo, o prefeito preferiu apenas retrucar as ofensas e colocar o rapaz no devido lugar de “chiliquento malcriado” e “valente de internet”.
Alexandre Kalil deixou de refutar as acusações feitas pelo vereador e de contestar os números apresentados. Também não se defendeu por não ter “planejamento e diálogo com a cidade”. Focou apenas na idade do garoto, já que não seria mesmo possível contestá-lo. A gestão Kalil, de fato, é o que o Nikolas muito bem apontou.
Sobrou coragem ao rapaz, que merece elogios por isso. Coragem, aliás, que falta à maioria adesista da Câmara, provando que idade não necessariamente significa virtude. Tomara que Nikolas aprenda a ser tolerante, a enxergar o mundo de forma mais leve e que se livre desta ideologia grotesca que segue com fervor e com a psicose comum ao bolsonarismo. Ele e BH teriam muito a ganhar.