Arrigo Sacchi, com 75 anos, ainda é uma das mais importantes personalidades do mundo do futebol. Ex-treinador e atual coordenador técnico das divisões de base da Seleção Italiana de Futebol, foi vice-campeão mundial em 1994 e conquistou uma penca de títulos italianos e europeus, além de dois campeonatos mundiais de clubes (1989 e 1990), pela Associazione Calcio Milan, ou AC Milan, de Milão.
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VACINAS
Grande parte do mundo vive uma carência de vacinas contra este maldito novo coronavírus. Bilhões de pessoas aguardam ansiosas o dia de levar a espetada redentora no braço. No Brasil, especialmente, como também nos demais países ainda mais pobres e populosos, a escassez de imunizantes produz incontáveis e insuportáveis milhares de mortes diárias.
Por aqui, a incompetência e o negacionismo do governo federal agravaram um quadro que já era grave o bastante. Para piorar, a frequência de notícias dando conta de fraudes (golpistas vendendo vacinas falsas), agentes de saúde criminosos (que fingem aplicar a dose) e fura-filas (políticos, governantes e familiares) se tornou a cada dia maior e mais abjeta.
E dentro de todo este contexto pra lá de complexo, uma nova polêmica sacode a sociedade brasileira: a Confederação Sul Americana de Futebol (Conmebol), com sede em Luque, no Paraguai, recebeu 50 mil doses de vacina para COVID-19 doadas pelo laboratório chinês Sinovac Biotech, e irá destiná-las aos clubes e árbitros que atuam nas competições que organiza.
GALO
Conforme noticiou o Superesportes, do Portal UAI, o presidente do Atlético, Sérgio Coelho, confirmou que o Clube irá aceitar as vacinas oferecidas pela entidade, um assunto que vinha sendo avaliado com muito cuidado diante das legítimas questões éticas e morais, além das inúmeras e pesadas críticas a respeito. Não seria este um caso concreto de fura-filas?
Em que pese o sofrimento e a ansiedade de milhões de brasileiros, ávidos por salvarem as próprias peles, e todas as pessoas com mais idade e menos saúde que as dos jogadores de futebol, não considero o caso como afronta à moral e à ética, e tampouco um exemplo de fura-filas. Explico o porquê do meu pensamento, em linha com o do presidente do Galo:
Primeiro porque são vacinas recebidas e aplicadas fora do Brasil. Segundo porque privilegia um setor importante, como já privilegiou outros como os setores de saúde, segurança, educação e transportes. E terceiro porque - queira-se ou não - teremos menos brasileiros repartindo as migalhas que o presidente Bolsonaro, o verdugo do Planalto, criminosamente nos relegou.