Sim, eu sei. Na política, não há verdade que para sempre dure nem muito menos inimizade que nunca acabe. Por outro lado, mentira, cinismo e desonestidade são valores caros, intocáveis e permanentes. O Brasil não é o cocho que é à toa, não.
‘Nossa, Ricardo, você está ofendendo o País’? Sim, estou. Aliás, acho até que eu estou ofendendo os cochos, já que são úteis para alguma coisa, isso sim. Servem como depósito de cocô, é verdade, mas servem também para alimentar e matar a sede de vacas, bois, cavalos e porcos.
FALANDO EM PORCOS
Jair Bolsonaro, o verdugo do Planalto, provou que o limite para ‘safadeza eleitoral’ é o mesmo que o do universo. O amigão do Queiroz quebrou absolutamente todas as promessas de campanha, e hoje não há uma mísera bandeira levada a diante: do (não) combate à corrupção às privatizações que nunca ocorreram.
O pai do senador das rachadinhas e da mansão de 6 milhões de reais não apenas não cumpriu nenhuma de suas promessas, algo, infelizmente, corriqueiro e tratado com normalidade no Brasil. Afinal, qual o problema de contar algumas mentirinhas para se eleger, não é mesmo?
Bolsonaro foi além e se tornou o que antes, de forma populista, cínica e mentirosa atacava: um reles servidor do centrão - aquele ajuntamento de políticos medíocres e interessados em dinheiro, cargos e corrupção. O antro do fisiologismo - parido e criado por Sarney, Calheiros, Barbalho, Lobão e outros da espécie.
BOLSOPETISMO EXPLÍCITO
O devoto da cloroquina já havia nomeado Augusto Aras, um petista de carteirinha, o Procurador Geral da República. Agora, em retribuição ao ‘belíssimo’ trabalho de não-procurador’, irá reconduzi-lo ao cargo.
Em seguida, emplacou um magistrado anti-Lava Jato no STF, o ministro Kassio Nunes Marques. Não sem antes enxotar o ex-juiz Sergio Moro do Ministério da Justiça e dar as mãos, os braços e os pés a Dias Toffoli e Gilmar Mendes.
Também prometeu, o maníaco do tratamento precoce, indicar um outro petista e admirador confesso de Lula e Dilma, o atual Ministro da Justiça André Mendonça, para a vaga de Marco Aurélio Mello no Supremo.
O ESCÁRNIO CONTINUA
Além de ter apoiado a eleição do ‘Rei do centrão’, Arthur Lira, para a Presidência do Congresso, e entregue as chaves do cofre para a esposa de outro cacique do bando, o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda, cassado e preso por corrupção passiva, Bolsonaro é visto aos abraços e afagos com José Sarney, Fernando Collor de Mello e Roberto Jefferson.
Nas últimas semanas, também saiu em defesa de outro cacique do centrão, o seu líder de Governo Ricardo Barros, suspeito de intermediar um esquema de propina para a compra de vacinas. Aliás, não só defendeu como admitiu a própria omissão no escândalo do superfaturamento de 1000%.
Agora, o tiro de misericórdia em quem ainda se mantém fiel ao mito: o marido da receptora de 90 mil reais em cheques de milicianos irá nomear para a Casa Civil, a pasta mais importante do governo, um dos atuais líderes do famigerado centrão, o senador Ciro Nogueira, e, de quebra, aumentará os ganhos da família, já que a mãe do senador irá lhe substituir no Senado (sim, mamãe é a suplente!).
ESTUPRO DE VULNERÁVEIS
Estelionato eleitoral é aquilo que 99% dos políticos praticam após cada eleição ou reeleição. Foi o que Dilma Rousseff, a estoquista de vento, cometeu em 2014, e o que Sergio Cabral elevou ao ‘estado da arte’ no Rio de Janeiro.
Isso que Jair Bolsonaro vem fazendo tem outro nome. Deixou de ser ‘estelionato’ para se tornar algo mais violento; a ‘violação’ dos eleitores que lhe conferiram 57 milhões de votos (de fé e esperança). Um verdadeiro ‘estupro eleitoral’.
Grande parte dos idiotas - eu, inclusive - que votaram neste picareta, já percebeu o tamanho da enrascada e pulou fora. Infelizmente, uma boa leva ainda crê no ‘mito de araque’ e o defende do que é indefensável.
SEGURO IMPEACHMENT
‘Bolsonaro é fascista e preconceituoso, e Lula, o melhor presidente da história do País’. Quem disse? O novo Chefe da Casa Civil de Jair Bolsonaro. Sim, o capitão ou concorda ou é um tremendo sangue de barata. Ou ambos. Mas vale tudo para não ser ‘impichado’.
Isso custará muito caro, e não só ao gado bolsonarista, não, mas ao Brasil. Aliás, já está custando, vide o entreguismo do Estado aos chefões do centrão, que hoje governa o País. Além da provável eleição do ex-tudo (ex-presidiário, ex-corrupto e ex-lavador de dinheiro), Lula da Silva, em 2022.