As Forças Armadas, desde a redemocratização, se mantiveram afastadas da política e se tornaram a instituição de Estado mais respeitada do País. Sobre si, havia certa admiração - velada, é claro - até por quem, historicamente, esteve do lado oposto.
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Estelionato eleitoral de Bolsonaro tornou-se 'estupro de vulneráveis'Bolsonaro 7x1 Dilma Rousseff: água de coco no lugar de sangue; é sérioInternação curou soluços, mas não mentiras e estupidez de BolsonaroCada vez mais desprezível, Bolsonaro abraça casal neonazista e sorriO Brasil maltrata o Brasil. Não foi o Borba Gato que queimou; fomos nósOra, militares ou não, oficiais ou não, estamos falando de seres humanos e suas infinitas complexidade e diversidade. Imaginar uma classe superior, pura, imune às tentações e erros mundanos, seria o mesmo que aceitar a odiosa tese nazista.
GOVERNO BOLSONARO
Ao aparelhar a administração federal, de cabo a rabo, com mais de seis mil militares da ativa e da reserva, o devoto da cloroquina repetiu o fracassado modelo lulopetista de ocupação do governo por sindicalistas. Apenas mudou de 'catchiguria'.
A administração pública deveria ser lugar para profissionais capacitados, blindados de governos e de políticos, com metas claras, sob rigorosas avaliações periódicas de desempenho, e o justo e compatível salário (de mercado) correspondente.
No Brasil, como é sabido, tais profissionais são a minoria nas repartições e recebem os menores salários. Já os apaniguados do poder, trabalhando ou não, roubando ou não, competentes ou não, inclusive militares, formam a casta dos privilegiados.
VEXAMES MILITARES
Jair Bolsonaro, o maníaco do tratamento precoce, é tão miseravelmente incapaz em tudo o que faz, que conseguiu, ao entupir o governo de milicos, escolher o que havia de pior nas três Forças. O resultado é este desastre monumental em andamento.
Das compras (superfaturadas!) de cerveja e picanha, à estoque de leite condensado e chiclete suficiente para dois milênios, passando pela gestão temerária e homicida e, em tese, corrupta de Pazuello. Eis o brilhante trabalho em quase três anos.
Isso sem contar com a fabricação e distribuição de 'kit covid', com a falta de oxigênio no Amazonas, com os leitos reservados nos hospitais militares, com o acúmulo de salários, inclusive acima do teto, e agora com as constantes ameaças golpistas.
VOTO IMPRESSO
A tara bolsonarista pelo tal do 'voto auditável' é apenas uma bengala a justificar o retumbante fracasso nas urnas que promete chegar. É também a justificativa para toda a sorte de possíveis arruaças de cunho autoritário e antidemocrático.
O amigão do Queiroz, há quinhentos dias insiste que houve fraude nas eleições de 2018, e que teria vencido Haddad, o poste do meliante de São Bernardo, ainda no primeiro turno. Prometeu apresentar as provas, mas até hoje não o fez.
Ele insiste também em acusar o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de ter fraudado as eleições de 2014. Segundo o pai do senador das rachadinhas e da mansão de seis milhões de reais, Aécio Neves teria vencido Dilma Rousseff.
NÃO VAI TER GOLPE
Uma ínfima parte de militares aloprados, da ativa e da reserva, e mais ínfima ainda na administração federal, dentre eles, segundo matéria publicada pelo Estadão, o General Braga Neto, resolveu ameaçar o País com a não realização de eleições.
O marido da receptora de cheques de milicianos já fez as mesmas ameaças, mas a novidade seria o apoio de 'gente graúda'. O fato é: falar é fácil, até papagaio fala. O difícil é: 1) Dar o golpe; 2) Sustentar o golpe; e 3) Passar o resto da vida no xilindró.
Ou a milicada golpista imagina que terá apoio da esmagadora maioria, nesta ordem, dos brasileiros; dos políticos; dos magistrados; dos governadores; dos prefeitos; do Mercosul; da União Europeia; dos Estados Unidos da América?
LUGAR DE MILICO É NO QUARTEL
Walter Braga Neto, Carlos Almeida Baptista e sei lá mais quem - e quantos! -, sejam generais, brigadeiros e almirantes, têm de voltar para os quartéis e por lá ficar até se aposentarem. Se querem participar da vida civil, que antes abandonem suas fardas.
É incompatível a presença de militares da ativa no serviço público ou na política. É fundamental a compreensão que o Estado armado e o Estado desarmado carecem de espaços distintos e excludentes. Não se mistura pólvora com fogo jamais.
Um militar está a serviço do povo e da Constituição. São estes que lhe permitem o porte de armas e o manuseio de equipamento bélico. Portanto, ameaçar qualquer um deles (povo e Constituição) é crime. E se crime houve, há de ser punido. Do contrário, os aventureiros farão a festa.