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Estado de Minas OPINIÃO SEM MEDO

Alerta vermelho: Bolsonaro encontra campo fértil para golpe no Brasil

Mais da metade dos brasileiros insatisfeitos aceitaria um "líder que quebrasse as regras"


28/07/2021 15:02 - atualizado 28/07/2021 17:38

Não é à toa a recente ascensão de políticos populistas e extremistas como Jair Bolsonaro
Não é à toa a recente ascensão de políticos populistas e extremistas como Jair Bolsonaro (foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Dentre inúmeras outras características, o ser humano é um bicho insatisfeito por natureza, o que não é necessariamente bom ou ruim. Apenas é, e pronto.

A insatisfação nos leva em busca de melhorias pessoais e materiais. Mas também turva o horizonte ainda que haja sol. É capaz de ‘fazer raiva’ em quem enxerga o copo meio-cheio ou de trazer ambição a quem o tem como meio-vazio.

A insatisfação é um dos mais democráticos sentimentos humanos. Atinge a todos indiscriminadamente: ricos e pobres, homens e mulheres, bonitos e feios. Isso porque não depende da realidade objetiva, mas, principalmente, da visão subjetiva.

BRASILEIROS


A mais recente pesquisa sobre o tema, realizada pelo Instituto IPSOS, com quase 20 mil pessoas de 25 países, inclusive o Brasil, aponta um grau de insatisfação ‘global’ com nações e instituições de 57%. Por aqui, entretanto, o número é bem maior: 69%. Os brasucas não andam nada satisfeitos com o rumo da prosa.

Mas o que de pior nos mostra a pesquisa, seja em Banânia ou no mundo (e por aqui o número é maior novamente), diz respeito à percepção negativa dos cidadãos com suas classes política e empresarial. Como a maioria as enxerga com desconfiança e sentimentos ruins, reciprocamente é grande o número de pessoas que buscam um ‘salvador da pátria’, normalmente encarnado em líderes populistas.

Eu sei; vocês já viram esse filme antes, né? Então. Como aproximadamente 72% dos brasileiros veem ‘a sociedade falida’, ‘a economia manipulada’ e ‘políticos e partidos despreocupados com o cidadão comum’, aceitariam um ‘líder forte para retomar o País dos ricos e poderosos’.


BOLSONARO, TRUMP E AFINS


Não é à toa, portanto, a recente ascensão de políticos populistas e extremistas como Jair Bolsonaro e Donald Trump. No mundo, em média, 44% das pessoas aceitariam ‘um líder que quebrasse as regras para consertar o País’. No Brasil, esse número se torna ainda mais alarmante: 61%.

As pessoas, erroneamente, é claro - e a história é pródiga em provar -, acreditam que um único líder poderia lhes trazer a satisfação que tanto buscam. Mas é justamente o contrário o que ocorre em 100% dos casos. Os países que investiram na democracia e fortaleceram suas instituições foram os que ‘deram certo’. Já os que apostaram em autocratas e ditadores ‘deram errado’.

Particularmente, sou um insatisfeito nato e incorrigível. Sempre enxergo o lado negro da Força, hehe. Mas, ainda assim, jamais deixei-me levar por sentimentos extremos e por salvadores da pátria mais falsos que nota de 3 reais; vide os Lula, Bolsonaro e Collor da vida. E ter votado em dois deles - os dois últimos - por ojeriza ampla, geral e irrestrita ao primeiro, nunca mudou minha crença na absoluta correção da célebre lição de Winston Churchill: ‘a democracia é o pior dos regimes políticos, mas não há nenhum sistema melhor que ela’.

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