Jair Bolsonaro, o verdugo do Planalto, vive repetindo que fará o que o 'povo brasileiro' quiser que ele faça. Será mesmo, hein?
Assisti, com o devido cuidado e atenção, além de uma dose monumental de paciência, a diversos vídeos das manifestações de ontem.
Havia muita gente em Brasília e em São Paulo? Opa! Havia, sim. Bastante. Raras vezes se viu manifestações dessa magnitude em prol de um político.
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POVO? QUE POVO?
Anotem aí: 51% dos brasileiros são pretos ou pardos; 25% dos brasileiros são jovens entre 15 e 29 anos; no mínimo, 30% dos eleitores votaram no PT em todas as eleições passadas.
Pergunto: onde estava essa gente toda ontem? Porque nas ruas, eu não a vi. Ao contrário. Como de costume, eu vi brancos, de meia idade, bem vestidos e bem nutridos.
É esse o 'povo brasileiro' em que Bolsonaro aposta e justifica sua sanha golpista criminosa? Se for, é bom tirar a moto da chuva. O povo brasileiro está longe de estar representado ali.
Aliás, no Rio de Janeiro, onde menos de 25 mil pessoas foram à Copacabana, um fato curioso: onde estavam os 500 mil eleitores do deputado Jair Bolsonaro? Em casa? Na praia?
BOLHA FANÁTICA, NADA MAIS
Jamais confiei em político que diz representar o tal povo, estar ao lado do povo, lutar pelo povo e blá blá blá. Muito menos político profissional, que vive há décadas do...povo!
Bolsonaro é só mais um populista safado que infesta a política nacional. Ele e sua família são usurpadores da boa fé e da ingenuidade do 'povo'. Vivem de rachadinhas, pô!
Que diabo de 'povo' aceitaria ser subjugado e tiranizado por um ditador de quinta categoria? Que raio de 'povo' autoriza, fora do voto, um governante a dar fim à democracia?
Aquela gente toda que foi às ruas ontem, de 'povo brasileiro' não tem nada. É apenas uma horda de fanáticos em busca de sangue por suas frustrações e rancores cotidianos.
BOLSONAZISMO
Jamais compreendi como o povo alemão permitiu a Hitler fazer tudo o que fez. Ontem, ao ver milhares de fanáticos gritando 'eu autorizo', pude entender um pouco.
Sim, bolsonarismo, lulismo, nazismo, fascismo e toda sorte de movimentos políticos de massa, centrados em mitos messiânicos, são semelhantes, ainda que diferentes.
Hitler culpava os judeus pelos males da Alemanha. Bolsonaro culpa o STF. Hitler pregava o extermínio dos judeus. Bolsonaro prega o fechamento do Supremo, para dizer o mínimo.
Se Moraes, Lula, Barroso ou qualquer outro inimigo imaginário do devoto da cloroquina aparecesse na Avenida Paulista ontem, qual seria seu destino senão o extermínio?
CONSERVADORES, MAS DEMOCRATAS
O povo brasileiro é conservador, sim. O povo brasileiro é religioso, sim. O povo brasileiro é avesso à política, sim. Mas o povo brasileiro é democrata! Ao menos 75% dele.
Bolsonaro apostou nas ruas como fiadoras de sua psicopatia autocrata, mas se deu mal. A única coisa que pode comemorar - e muito! - é ainda ser o 'mito' de tanta gente.
Só que isso não será capaz de, nessa ordem, 1) levar-lhe à reeleição; 2) impedir que seja julgado e condenado por seus inúmeros crimes; e 3) impedir sua prisão, ainda que demore.
Numa democracia, amparada por um legítimo Estado de Direito, pode-se muito, mas não pode-se tudo. O amigão do Queiroz foi muito além do permitido, ficou só e irá pagar.
Assim como ocorreu com o meliante de São Bernardo, Bolsonaro será largado - e relegado - a uma meia dúzia de fiéis inexpressivos, ignorantes e sem nenhum poder.
Não há na história recente, salvo as ditaduras em vigor, um tirano que não tenha encontrado uma forca ou a prisão como destino. O maníaco do tratamento precoce não será exceção.