Jornal Estado de Minas

OPINIÃO SEM MEDO

Nova Iorque amanheceu diferente; estava pior. Senti um mau cheiro estranho

Quem me acompanha com alguma frequência ou me conhece pessoalmente, sabe que estou morando em Nova Iorque, com a família, desde o primeiro semestre do ano. Se volto, quando volto e como volto, isso só Deus sabe. Já as minhas mulheres, hehe, estão cansadas de hambúrguer (e de mim!!) e com saudade de picanha. Se bem que, com o preço da carne por aí, a saudade irá continuar se voltarem.   

Por causa da pandemia e das aulas remotas, e de uma série de fatores profissionais que me permitem a ausência prolongada do Brasil, decidimos viver a experiência de morar fora, sobretudo em uma cidade - e país - sem violência urbana, com vacinas, infraestrutura adequada e, principalmente, sem ameaças golpistas diárias e práticas que favorecem a disseminação desse maldito coronavírus (Putz! Como odeio esse bicho).





RUÍDO E ODOR ESTRANHOS


Mas eis que meu sossego civilizatório foi abruptamente interrompido neste domingo (19/9). Jair Bolsonaro, o verdugo do Planalto, e aquele bando de convivas sem utilidade desembarcaram por aqui. Pior. Estão hospedados no hotel Intercontinental - acabou a mamata, porra! - a dois quarteirões de mim. Ao sairmos para comemorar o aniversário da patroa, sentimos calafrios estranhos e cheiros esquisitos.

Se Caetano Veloso cantava 'sem lenço e sem documento', essa gente prefere 'sem máscara e sem vacina'. Em terra de cego, quem tem olho é rei, certo? Em Nova Iorque, quem não tem prova de vacinação contra a Covid-19, simplesmente não entra. Daí porque o sócio do coronavírus e seus puxa-sacos foram barrados em uma pizzaria. Tiveram de se lambuzar em pé, do lado de fora, porque o 'mito' não está vacinado (ao menos oficialmente). 

AQUI NÃO, VIOLÃO


No Brasil, o bilontra promove suas aglomerações homicidas impunemente. E patrocina, com nossa grana, é claro, motociatas irresponsáveis. Mas em NY, ou se comporta como gente ou será tratado como bicho. Ao menos nos locais onde a civilização dita as regras e a selvageria não tem vez. Aliás, ele só poderá entrar nas Nações Unidas por causa de um conflito entre a lei local e as leis internacionais. 

O 'doorman' do prédio onde moro - a poucas quadras da ONU - perguntou se eu não iria receber o presidente. Respondi perguntando: se o Biden suspendesse a vacinação do seu filho; tentasse dar um golpe de Estado; dissesse que a vacina mata; empregasse parente para ficar com o salário; um filho comprasse mansão milionária, o senhor iria? A resposta: 'no fucking way'! Caímos na gargalhada e fui passar vergonha sozinho.




audima