Meu caráter, minhas crenças e meus valores foram moldados durante anos de aprendizado familiar, social e escolar, sobretudo na primeira e segunda infâncias, e até o final da minha adolescência.
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NYC
Nestes quase seis meses de vagabundagem ampla, geral e irrestrita por Nova York – convenientemente chamada ‘ócio produtivo’, ou ‘período sabático’, pelo mundo corporativo – em meio ao que minha filhota apelidou ‘caminhadas filosóficas’ e centenas de horas de música, entremeadas por bebida, comida e namoro, me dediquei a estudar, ou melhor, a me aprofundar em alguns temas específicos dos livros do Harari.
Em tempo: Yuval é feio, careca, judeu e gay, ou seja, um prato-feito para os homofóbicos, racistas e preconceituosos de plantão. Enquanto os ‘imperfeitos’ semeiam a Terra com lições e sabedoria, os ‘perfeitos’ semeiam com ódio, violência e rancor. E muitas vezes são premiados com poder, fama e fortuna instantâneos, ainda que, geralmente, passageiros. Vejam o recente caso do jogador de vôlei, Maurício Souza, transformado em e ídolo da extrema direita brasileira por suas declarações homofóbicas.
Voltando ao que presta, me dediquei sobretudo ao livro "21 lições para o século 21", que havia lido no começo da pandemia, ano passado, e retomei de forma analítica em NY. Sim, falando dessa maneira, até pareço intelectual ou crítico literário, o que obviamente e definitivamente não sou nem jamais terei capacidade de ser. O que quero dizer é que, dentro de inúmeras e gigantescas limitações, tenho tentado compreender e analisar com mais profundidade o que Harari prevê.
POLÍTICOS
Recomendo que leiam o livro. Especialmente que o leiam com os olhos voltados para o ambiente político atual. Hoje, conversando com um amigo que mora nos EUA há mais de 20 anos, chegamos à conclusão de que políticos – quaisquer políticos – são humanos dotados de super poderes hipnóticos. Daí me lembrei de uma passagem do livro, que transcrevo a seguir: ‘Políticos são um pouco como músicos. E o instrumento que eles tocam é o sistema emocional e bioquímico humano. Eles fazem um discurso, e espalham uma onda de medo no país. Eles escrevem uma mensagem no Twitter, e há uma explosão de ódio’.
Como negar, não é mesmo? Milhões, talvez bilhões de pessoas mundo afora se permitem guiar pelos ditames e verdades dos seus líderes políticos. Essa massa humana descomunal, já há algum tempo, encontrou nas redes sociais sua Ágora moderna, e pastoreada como gado segue em uníssono com o mito da ocasião, em suas respectivas manadas, pisoteando, comendo, ruminando e defecando por onde passa, destruindo o ambiente – e o meio ambiente – ao seu redor.
Pessoalmente, faço parte da minoria silenciosa que não idolatra políticos; que desconfia de todos; que vigia e que cobra; que acredita que a verdadeira imprensa se faz através da crítica, e não de afagos; que não aceita sabujice, remunerada ou não; e que opina – no meu caso, através de colunas – de modo honesto, verdadeiro e… sem medo!
Goste ou não a maioria dos leitores; goste ou não a maioria dos políticos; goste ou não a maioria dos meus amigos; gostem ou não editores e donos dos veículos em que escrevo. Porque ao final do dia, meus caros, antes de me deitar, ao escovar os dentes, olho no espelho e preciso gostar do que vejo. Ainda que seja, como o genial Harari, um careca, judeu e feio – só que burro, rs. Simples assim. Ah, atleticano também.