Jornal Estado de Minas

OPINIÃO SEM MEDO

Fiemg puxa o saco de Bolsonaro em Dubai; deve estar satisfeita com o país

Uma das três maiores taxas de inflação do planeta. Mais de 15 milhões de desempregados. IGPM em nível pré-Plano Real: 34% em 12 meses. Quase 20 milhões de pessoas passando fome. A quarta moeda mais desvalorizada em todo o mundo em 2021. Gasolina a 8 reais e a volta da lenha no fogão, por causa do preço do gás de cozinha.





Mas não é só. Enquanto o mundo se recupera em V, cresceremos 4% este ano, e se tudo der certo, 1% em 2022. Sim, 1% e olhe lá. pois já há banco falando em zero ou até mesmo ‘crescimento negativo’, leia-se, estagflação (recessão com inflação). Além disso, assistimos ao abandono do equilíbrio fiscal, em nome das negociatas bilionárias no Congresso.

Diante deste caos socioeconômico, por que uma federação, que representa os empresários de seu estado, resolve homenagear e puxar o saco do maior responsável por tudo, sem nos esquecer de mais de 620 mil mortos por COVID-19, é uma resposta que não tenho e que, intuo, ninguém em sã consciência, com ou sem cloroquina na veia, tem.

ELITES DAS PIORES


Nossas elites nunca foram pródigas. Ao contrário, são responsáveis por um país de merda como é o Brasil. Elites financeira, empresarial, artística, intelectual, jornalística, política etc. Um bando, em sua maioria, de egoístas, corporativistas, fisiologistas e corruptos. Gente tosca e preconceituosa, mesquinha, brega e, não raro, culturalmente abaixo da crítica.





Por isso, não me surpreende o churrasco-ostentação, uma cerimônia beija-pés ocorrida em Dubai, capital mundial do novo-riquismo cafona, oferecido pela ‘nossa’ FIEMG (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais) ao patriarca do clã das rachadinhas; o amigão do Queiroz; o sócio do coronavírus; o parça e atual mantenedor do Centrão.

O pior é que amigos e até, digamos, parentes meus não faltaram por lá. Gente que respeito e que gosto de verdade (afetos a gente não escolhe, hehe), mas que, infelizmente, se encontra em profundo estado ou de ignorância ou de negação. Que se note: isso não os torna pessoas piores ou más pessoas. Seguem pais e mães maravilhosos, amigos queridos e empresários de sucesso.

SUA ALMA SUA PALMA


Já desisti, faz tempo, de discutir política. Como bem disse Antônio Tabet, ‘no Brasil, política é futebol; futebol é religião; religião é política’. Perfeito! Se você disser a um cruzeirense que o clube, hoje, é de segunda - quase terceira! - divisão, ele responderá com a coleção de títulos, como se isso pudesse alterar a triste realidade que vive desde 2019.





Se você disser a um lulopetista que o meliante de São Bernardo é ladrão, ele dirá que Sergio Moro o condenou sem provas e que o STF o inocentou, o que é mentira, além de te xingar de fascista. Se você disser a um bolsominion que o mito é o que é, ele dirá que você é comunista e te lembrará como Lula é pior. Mudam a realidade e os fatos? Não.

Espero que a comitiva de empresários e políticos mineiros presentes à feira de Dubai tenha muito sucesso e nos traga divisas e progresso. Mas isso não me impede de criticar a atitude servil e, diria, no mínimo exótica, de gente tão capaz e rigorosa com seu próprio negócio, com quem não é capaz de administrar uma vendinha de pastel de vento em ponto de ônibus.

Quem deveria puxar o saco de alguém ali seria justamente o presidente da República. Aliás, não apenas puxar o saco, mas pedir desculpas pelo desastre que nos causa. A única razão para tamanha inversão de valores seria interesse, político ou financeiro, tanto faz. Interesse este em detrimento do Brasil. Aquele que, ao menos no discurso, estaria ‘acima de tudo’. Çey.

audima