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Estado de Minas OPINIÃO SEM MEDO

Na madruga, tiozões choram o Bi e apostam: Galo campeão outra vez

'Que bom que o bicampeonato brasileiro chegou antes de eu ficar gagá e não conseguir comer um kikokó com catupiry'


09/12/2021 06:00 - atualizado 08/12/2021 23:45

Taça do Galo
(foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press )

Ficar velho é uma merda. Só não é pior que a alternativa. Em plena véspera de feriado, ir à balada, hoje, é sinônimo de Uber-pai. Sim, após os 50 e com filha adolescente, motorista é o que me restou ser na boemia do século XXI.

Mas pior mesmo é ser confundido com o tio de alguém, afinal, agora todos me chamam de tio. Fora ter que fazer carreto-lotação de madrugada. Pô, essa molecada poderia ao menos morar um do lado do outro, né? Me ajuda aê. 

 
Uma chuva do inferno e me bate aquela vontade doida de um podrão. Corro para o Komilão mais próximo e me deparo com o Marcelo, antigo companheiro de Mineirão, que não via há décadas. Caraca, o sujeito tá um lixo!

Homens x mulheres 

Vocês conhecem a piada, né? Duas amigas que não se viam há anos, se encontram na rua e conversam um pouco. Ao despedirem-se, saem caminhando e pensando: 'Nossa, como é que ela pode estar tão velha assim?'. 
 

O irônico - e por isso piada! - é que durante o breve encontro, só elogios mútuos: 'Você está linda, não mudou nada'. Já antigos amigos, quando se encontram, em menos de um minuto já cometeram todos os bullyings possíveis: 'Rapaz, você tá um caco! Que barriga é essa? Taqueopariu, quando eu ficar véio não quero ficar assim, não'. Daí, quando se despedem, saem pensando: 'Puta cara legal esse; tomara que o veja novamente; que bom esse papo'. 

Galo, Galo e tome choro

Bom, eu nem preciso falar que o assunto foi Atlético, do primeiro ao nonagésimo minuto de prosa, mais os acréscimos. E, claro, do primeiro abraço ao da despedida, as lágrimas não pararam de rolar. Pobres sandubas.

Leia mais: Hulk, do Atlético, é um baita jogador, e um ser humano espetacular

Lembramos de muita coisa e de muitos jogos. Lembramos da semifinal de 83, e a gente em São Paulo, contra o Santos; dos jogos da Copa União, no Rio e em BH; da derrota em 1996, para a Portuguesa, no Mineirão.

Aliás, foi o último jogo a que assistimos juntos. Dali em diante nossas vidas tomaram rumos distintos. Ele se casou e mudou-se de Belo Horizonte. Eu me mudei para São Paulo. Vejam vocês: o que o Galo une, os homens não separam.

Bicampeão outra vez?


Comemos e choramos, choramos e comemos. É incrível, mas às vezes parece que todos os atleticanos são iguais. Uma espécie de Dolly alvinegra. O que um sente, o outro sente. O que um pensa, o outro pensa. Clone maior, impossível.

Fizemos nossas apostas. Jogo de ida contra o ex-xará paranaense: ele crê em 2x1. Eu, em 3x0; ou 4x1. Jogo de volta: ele, 1x1. Eu, 0x1. O que importa é: Galo Bicampeão da Copa do Brasil. Ambos acreditamos no 'eu acredito'.

Interessante... não trocamos números dos nossos telefones. Talvez não tenhamos gostado tanto do encontro. Ou talvez seja só isso mesmo. Afinal, pouca coisa ou quase nada irá nos ligar àquele Atlético que ficou para trás.

O título do Brasileiro deste ano, muito mais do que reparar as frustrações e curar as feridas abertas, significou o fim daquele aperto no peito que nos unia pela dor. Os atleticanos, daqui para frente, viverão com os olhos afastados do passado e voltados para o futuro. 

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