Quando o presidente da República declara que os índios deveriam ter sido exterminados no Brasil, como foram nos Estados Unidos. Quando este mesmo presidente diz preferir um filho morto a um filho gay. Quando, por fim, ainda, compara quilombolas a animais de corte, pesados em arrobas, o que esperar de cidadãos que são, pensam e agem, bestialmente, como o próprio?
Quando os filhos deste suposto chefe de Estado apoiam, veementemente, nas redes sociais, com milhões de seguidores, declarações homofóbicas e preconceituosas, e incentivam agressões contra seus adversários políticos, filhos estes também detentores de cargos eletivos, financiados por todos os brasileiros, condicionados a uma Constituição que criminaliza tais condutas, repito, esperar o quê?
Os casos de selvageria explícita - física, verbal e psicológica - virtual ou real, após a eleição de Jair Bolsonaro, o verdugo do Planalto, explodiram por todo o País. As pessoas acreditam agora que têm o direito de espancar outras, por ideologia política, por exemplo. Ou acreditam que, em nome da religião, ou sei lá mais o quê, podem ofender e discriminar quem se comporta sexualmente de forma ‘diferente’.
Pipocam, aqui e ali, casos de racismo explícito, como novamente ocorrido em um estádio de futebol. Na quarta-feira passada, no jogo em que o Galo foi bicampeão da Copa do Brasil sobre seu xará paranaense, cretinos disfarçados de torcedores protagonizaram cenas odientas contra mineiros pretos. Imitaram macacos e fizeram gestos racistas, mostrando suas peles brancas, como sinônimo de superioridade.
Recentemente, Jair Bolsonaro, aquele que condena homossexuais, mas não vê problema em milicianos depositarem dinheiro na conta de sua esposa, recebeu no Planalto e ‘desfilou’ ao lado do ex-jogador de vôlei do Minas Tênis Clube, Maurício Souza, que enxerga o mal em um beijo entre dois homens. É o mesmo presidente que não se importa com rachadinhas e superfaturamento de vacinas.
Não, Bolsonaro e o bolsonarismo não inventaram o racismo, a homofobia e outros crimes hediondos contra a humanidade. Assim como o lulopetismo não inventou a corrupção e o ódio de classes. Mas ambos potencializaram e muito a degradação e degeneração moral da sociedade brasileira. É o tal do ‘exemplo vem de cima’. Ao verem líderes se comportando mal, a população rasga a fantasia e vai ser feliz.
O pior é que, como sabemos, a Justiça brasileira é ausente ou convivente ou, no mínimo, demorada e ineficaz. Agressores raciais e assediadores morais não encontram, via de regra, grandes problemas após seus crimes. Raramente são processados, e mais raramente ainda, condenados. Se e quando, por algum milagre, são, jamais conhecem uma cela. No máximo, prestam algum serviço comunitário e olhe lá.
A diretoria do clube paranaense se manifestou contrária ao ocorrido, mas não basta. Esses ‘torcedores’ têm de ser banidos da Arena da Baixada. Como deveriam ser banidos do Mineirão os torcedores racistas e molestadores sexuais, denunciados nos últimos jogos do Atlético. Estes porcos imundos deveriam estar na cadeia, e não em liberdade, aplaudidos e incentivados por políticos influentes, igualmente porcos e imundos como eles.