No Brasil descontrolado - outra vez! - em que nos encontramos, onde o chamado custo de oportunidade (a remuneração de um capital investido) em renda fixa é altíssimo - hoje, na faixa dos 15% ao ano -, ao mesmo tempo em que os juros sobem como fogos de artifício atleticano, carregar dívidas de curto e médio prazo, tendo ativos imobilizados com rendimentos baixos, é assinar atestado de falência e repetir de ano em matemática de quinta série.
O Clube Atlético Mineiro vive uma nova fase. Agora, por lá, sabe-se fazer conta, e ninguém mais utiliza o patrimônio do Clube para garantir dívidas e bancar salários estratosféricos para amigos e familiares. O tempo de manter um shopping - ou parte dele - que retorna, sei lá, pouco mais de 3%, anualmente, sobre seu valor de face aos cofres do Clube, que gasta cinco, seis vezes este mesmo valor para rolar suas dívidas, acabou. Ou está prestes a acabar, espero eu.
Vou desenhar de forma simples, simplista e simplória: o Diamond é avaliado em cerca de 350 milhões de reais. O Galo recebe, anualmente, algo como 10 milhões de reais pelo 'aluguel' da bagaça. Ao mesmo tempo, no mesmo período, paga cerca de 60 milhões em juros, de uma dívida aproximada de 600 milhões de reais. Grosso modo falando, recebemos 3% sobre um patrimônio e pagamos 10% (sempre ao ano) sobre uma dívida. Qual é a graça? Bem, que expliquem certos ex-presidentes perdulários.
Na minha opinião, não só o shopping deveria ser vendido, mas a sede de Lourdes, também. Por mim, manteria-se o patrimônio histórico, nossa Casa da Moeda (a sala de troféus) intacta, protegida e eternamente preservada (tombada, na verdade) e venderia-se o lote - que deve valer uma grana doida!! - para amortizar ainda mais a dívida total. Ter patrimônio, e ao mesmo tempo ter dívida e não pagar, sem se importar com nome sujo e execuções na Justiça, como tanto gosta um influente político da capital e ex-mandatário do Clube, é caminho para o desastre.
O Galo precisa, nessa ordem: alienar todo e qualquer ativo, até eliminar sua dívida onerosa, ou diminuí-la o máximo que puder; alterar seu estatuto, de forma a impedir novas dívidas, por futuros possíveis irresponsáveis; explorar cada mínima possibilidade de receita, a fim de quitar os generosos empréstimos com seus benfeitores, notadamente as famílias Menin e Guimarães; com a casa limpa, lucrativa e juridicamente segura, iniciar o processo de venda da Instituição e, finalmente, entregá-la a gestores de máxima competência (comprovada), e não a marinheiros de primeira-viagem, a custo inferior ao patrimônio de muito jogador por aí, como fez um certo CSA-MG, coitado.
Sem shopping, imóveis, etc; com estádio próprio, time forte e nome limpo; com caixa saudável, receitas e despesas equilibradas e faturamento bilionário; sem administradores oportunistas, perdulários e incapazes, o Atlético tem tudo para ser comprado por 'cifras europeias' e gerido por alguns dos maiores grupos empresariais do Brasil e do mundo, e se tornar um dos mais poderosos clubes de futebol do planeta. Mas só peço que seja de capital aberto! Tô precisando demais de uma boa aplicação para a minha mixaria. Não vejo a hora de me aposentar e viver de renda, hehe. Vamu, Galo!!