Jornal Estado de Minas

OPINIÃO SEM MEDO

Cruzeiro SAF: a verdade que até agora ninguém teve coragem de te contar

Due Diligence é um termo em inglês, sofisticado, para a velha e boa auditoria, avaliação. Funciona assim: um bando de empreendedores, investidores, banqueiros, contadores e advogados realizam uma investigação na empresa que pretendem comprar. Vasculham cada gaveta, lata de lixo, cofre e tapete (sob) procurando esqueletos ocultos. Sempre os há.





Em seguida, após toda essa faxina, comparam com os números ‘oficiais’ que os vendedores forneceram, com a realidade que encontraram, e só assim, então, depois de pencas de relatórios, documentos, reuniões, etc. chegam ao veredito final: a) comprarão ou não; b) se sim, como e por quanto; e c) o que será feito em seguida. Corta.

IMPÉRIO DAS LEIS QUE NÃO VALEM

O Tribunal Superior do Trabalho (TST), dias atrás, rasgou a lei aprovada pelo Congresso Nacional, que regulamenta os aplicativos de transporte - Uber e afins -, e reconheceu que há, sim, vínculo empregatício entre motoristas e empresas. Ou seja, uma enxurrada de ações trabalhistas provará que, no Brasil, segurança jurídica é como o Saci Pererê.

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Pergunto: alguém aí realmente acha que a Justiça do Trabalho ficará ‘pianinho’, assistindo clubes dando calote nos atletas, empurrando suas dívidas trabalhistas para um consórcio de credores, que verá - se vir - algum dinheiro em 250 anos, enquanto verdadeiros sucessores empresariais (SAF) arrecadam milhões e os repassam aos novos donos?

CSA-MG x CEC  

O Cruzeiro Esporte Clube não possui expectativa de receita para os próximos anos. Já adiantou tudo o que tinha e o que não tinha (cota de TV, patrocínio master na camisa, publicidade e sei lá mais o que) até o fim do milênio. Já o CSA-MG (Cruzeiro Sociedade Anônima) terá 400 milhões de reais - prometidos pelo Fenômeno - em até 5 anos.





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Pergunto novamente: o fluxo de caixa, que prevê 20% de transferência das receitas (que não existem) e 50% do lucro (um sonho de verão), sem aporte imediato - e não em 5 anos -, do CSA para o CEC, será capaz de fazer frente à formação e manutenção de um novo time de futebol, competitivo, enquanto o coro come na JT e em outras instâncias?

TORCIDA

Ronaldo assinou, na verdade, uma espécie de ‘carta de intenção’. E do tipo que chamam de ‘não vinculante’, ainda que tenham dado o nome de compra. Afinal, após a tal ‘due diligence’, que prevê um prazo de 4 meses (!!), se o buraco for muito maior do que o imaginado - e vendido - o fenômeno fará ‘las maletas’ e se mandará de volta para a Espanha.

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A torcida dos Cruzeiros - CSA e CEC -, revoltada com a forma com que os novos gestores enxotaram o goleiro Fábio de Costas do clube, gritaram, protestando: ‘Ronaldo, gordão, vem dar satisfação’. Pois é. Os caras ainda não entenderam o tamanho da encrenca. O clube já era! Ou se submetem aos potenciais donos ou não terão nada nem ninguém para xingar.

REZA BRAVA

Assumir o Cruzeiro hoje significa pagar dívidas bilionárias; não ver a cor de lucros tão cedo;  quando vir, dividir com o CEC, ou seja, um ‘payback’ longínquo como o Sol; possivelmente se tornar solidário nos papagaios… Enfim, uma aventura de extremo risco e baixíssima chance de sucesso, tanto de desportivo quanto financeiro.     
Somente um verdadeiro milagre financeiro, que garanta ganhos extraordinários, será capaz de motivar Ronaldo, ou quem quer que seja, a segurar um abacaxi desse tamanho, ao mesmo tempo em que terá, por anos, uma torcida revoltada, bufando no cangote. Ou existe algum ‘pulo do gato’ nessa história toda, ou tem gente que acredita piamente em fé e esperança.