Diogo Mac Cord, secretário especial de Desestatização do Ministério da Economia, com toda pompa de seu nome de batismo (até me lembrou o highlander Connor MacLeod) e do cargo que ocupa, poderia facilmente - não estivesse a serviço de um governo como o do presidente Bolsonaro, onde os resultados gritam por si mesmos - ser confundido com um brilhante técnico-executivo da administração, sei lá, Margareth Thatcher, ou Michael Higgins, exemplos liberais de competência e gestão pública que culminaram em desenvolvimento e bem-estar social de seus povos (Inglaterra e Irlanda).
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Mac Cord assinou um artigo neste sábado, no jornal O Tempo, em que comete mais erros que o próprio governo que representa. Ok, surpresa alguma! Mas, acreditem, o valente exagerou. Para começar, cita Friedman e a célebre frase, ‘se colocassem o governo para administrar o deserto do Saara, em pouco tempo começaria a faltar areia’, para advogar em prol do… governo! Ou seja, ou Friedman está errado ou então o secretário quer nos fazer crer que seu governo é capaz. Que é, ao contrário da regra, exceção. Ora, se assim fosse, eu não teria acabado de gastar quase 450 reais apenas para abastecer o tanque do carro.
Mas antes, ainda no título da coluna, Diogo erra feio. Ou melhor, mente - uma característica marcante deste pessoal: ‘grupos trabalham para se apropriar de áreas públicas federais’. Em primeiro lugar, não são grupos, mas cidadãos de Belo Horizonte, há décadas abandonados pelo Poder público, sobretudo o federal. Em segundo lugar, ninguém quer se apropriar de nada. Ao contrário! Os munícipes querem ter o direito de escolher o que é melhor, e não servir, como de costume, de burro de carga para a União (o governo quer leiloar as áreas, levar o nosso dinheiro e distribuí-lo para emendas secretas do centrão).
POLÍTICA
O secretário defende o inigualável, o único, o sensacional programa de governo ‘Incorpora Brasil’ - que pretende se desfazer de ativos da União -, mas se esquece que, de ‘Minha Casa, Minha Vida’ e outras porcarias do gênero, nós estamos cansados. De nome bonito e boas intenções, o inferno está cheio! Venda, sim, o quanto antes, todos os ativos inúteis do governo federal, mas faça mediante critérios comuns e coletivos, e não próprios. Aliás, será ato falho do rapaz a frase ‘grupos trabalham para se apropriar de áreas públicas federais em BH’, e por isso a urgência e o desprezo pela população de Belzonte?
O burocrata continua e invoca o TCU (Tribunal de Contas da União): ‘deu seu aval’. Ah, que bom! Agora estamos tranquilos. Afinal, ninguém lá age politicamente, né? Dr. Bruno Dantas que o diga, hehe. O secretário diz que os terrenos do Belvedere e do Carlos Prates, que a União quer leiloar e embolsar a grana, pertencem a 210 milhões de brasileiros. Sim, é verdade. Mas pertencem sobretudo aos brasileiros de BH. E não aos brasileiros de Brasília, ou melhor, dos Três Poderes. Uma pergunta: por que o senhor não privatiza a TV Brasil (TV Lula), aí do seu lado, conforme, inclusive, prometido em campanha pelo seu chefe?
DINHEIRO
O alvo claro - por que será, hein? Patriotismo? - do senhor secretário especial de desestatização do ministério da economia (ufa!!) é o atual parque linear do Belvedere, área verde que divide Belo Horizonte e Nova Lima, em uma região onde não cabem mais meio carro e meio apartamento de quarto e sala. Desfilando uma série de inverdades, que vão desde a falta de projeto para o local a invasões diárias - é compreensível a ignorância, já que o rapaz não tem a menor ideia do que está dizendo; apenas ouviu falar -, ‘Mac Fish’ quer porque quer vender nosso quintal e dar o fora rapidinho, com os cofres cheios.
A fim de justificar a venda da área em benefício da União, ele defende um ‘binário de trânsito coberto por um plateau de concreto, no melhor estilo do Hudson Yards (em Nova York)’. Taqueopariu! Alguém aí conseguiu entender alguma coisa? Ou o moço ‘googleou’ muito mal e jamais esteve em Hudson Yards, ou se esteve, não se encontrava em plenas condições cognitivas e sensoriais. Porém, em seguida, revela a intenção do ‘grupo que quer se apropriar…’: construção de prédios baixos, de quatro andares, nas duas laterais, somado a um piso térreo com fachada ativa. Um projeto moderno, inteligente... e verde!.
RESUMO DA ÓPERA
Entenderam, senhoras e senhores de Belo Horizonte, Nova Lima e região afetada? O Mac Cord quer: 1) leiloar o parque linear atual; 2) levar toda a grana para Brasília; 3) conceder a área para empreiteiras boazinhas, que vão edificar um projeto moderno, inteligent e verde. Ora, secretário, vá catar batatas! E ainda por cima, como servidor público, tem a coragem de reduzir e ridicularizar os belo-horizontinos, tratando-os como ‘pequenos grupos de redes sociais’, diminuindo um artista da altura de Samuel Rosa (Skank), apenas porque este se posicionou contra o leilão. Artista de respeito é a Regina Duarte, né, seu arrogante?
O sujeito é tão confuso, que usa o exemplo do aeródromo do Carlos Prates em seu favor, mas a realidade demonstra o oposto. Ou o espaço está degradado e a culpa é do abandono estatal; ou o espaço está sendo utilizado pela prefeitura, que não cumpre bem o seu papel; ou o espaço é totalmente público. Tudo junto não é possível! Na boa, em resumo, este sujeito não tem a menor ideia do que está falando, e apenas reproduziu o que lhe pediram, mas o fez de forma absolutamente ruim. Não sem razão ser, como é mesmo?, secretário especial de desestatização do ministério da economia do governo Bolsonaro.
No fim do dia, bravos leitores que chegaram até aqui - agradeço por isso! -, a treta toda se resume à necessidade do governo federal ‘fazer caixa’, para bancar toda sua ineficiência e seu peso mastodôntico. Não cortam na carne, distribuem verbas eleitoreiras e querem levar nosso parque ($$), na mão grande, e entregá-lo de bandeja para as construtoras edificarem mais prédios, mais lojas, mais ruas em uma área já insuportavelmente adensada e carente de equipamentos públicos de lazer. E quem não concordar, o secretário já avisa: ‘post no Instagram e apelo de artista não resolvem a vida de ninguém’. Babacão.