Que tempos, meus caros e caras. Que tempos! Segunda-feira, um burro com microfone e enorme audiência, mas longe de ser um nazista, defendeu o direito de alguém ser anti-judeu e até mesmo a legalização de um partido nazista no Brasil.
Estou falando, é claro, de Bruno Aiub, o Monark, ex-Flow, que sentiu na pele todo peso - desta feita, reverso - de ser uma subcelebridade da internet, alçada à condição de pensador moderno, ou melhor, de ‘influencer’, como se diz atualmente.
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Desta vez foi Adrilles Jorge, um ex-BBB qualquer e um dos principais comentaristas da atual Rádio Jovem Pano, saudosa ex-Jovem Pan. A besta-fera, além de ignorante ao extremo, é hiper agressiva e hiper histriônica ao quadrado.
Capaz de defender as piores falas e práticas de Jair Bolsonaro, o verdugo do Planalto, e agir de modo incrivelmente radical e violento, quando o assunto envolve a razão de sua vida, a extrema direita, o sujeito foi além desta feita.
Após fazer uma comparação indevida, rasa e esdrúxula entre comunismo e nazismo, típica dos seguidores do falecido - que o capeta o tenha! - Olavo de Carvalho, ícone e guru do bolsonarismo, o idiota gesticulou uma saudação nazista.
Covarde, alegou apenas ter se despedido. Mas a cena não permite papo furado, e fica evidente que, sim, fez a saudação nazista - só faltou dizer ‘sieg heil’. O bolsonarismo, queiram ou não os mais ingênuos, é neto do nazismo.
A ‘Jovem Pano’ demitiu o idiota. Espero que definitivamente, já que useira e vezeira em se arrepender e voltar atrás; lá estão novamente Caio Copolla e Rodrigo Constantino, o valente que admoestaria a filha, caso fosse estuprada bêbada.
Adrilles, assim como Monark, não é nazista. É apenas mais um idiota, sem qualquer refino ou preparo intelectual, alçado à condição de pensador e ‘influencer’, dadas as condições de tempo e pressão reinantes no Brasil e no mundo.
Enquanto os veículos profissionais de comunicação tradicionais passam por dificuldades financeiras seríssimas, sofrendo com a fuga da audiência para as novas e precárias formas de jornalismo, figuras assim ganham destaque e fortunas.
A fama e o dinheiro conquistados por Monark e Adrilles (este, infinitamente menores) são merecidas, ainda que advindos da mediocridade, e extremamente fugazes. O primeiro, provavelmente, não passará necessidade, mas o segundo, eu não sei.
O nazismo é uma chaga que jamais será curada. É uma cicatriz em carne-viva que nunca se fechará, sobretudo para os judeus. Mas é igualmente o símbolo de uma espécie de selvagens, travestidos de humanos, que não será tolerada novamente.
No Brasil e no mundo, cresce assustadoramente o número de grupos neonazistas e supremacistas brancos. Com a ascensão de líderes asquerosos, como Bolsonaro, Erdogan, Trump, Orbán e outros canalhas nacionalistas, a situação piorou muito.
Líderes selvagens dão voz ao gado selvagem. Não à toa, o recrudescimento de casos de violência explícita contra negros e homossexuais, e ataques a judeus, ainda que sob a forma da relativização ou negação do nazismo, como visto por todos os lados.
Não é mera coincidência, mas um sinal dos tempos, os dois episódios em tão curto espaço de horas. Repito: microfone e audiência enorme, nas mãos de imbecis, incapazes de juntar lé com cré, acaba dando nisso mesmo: desinformação e muita confusão.
Espero que os ocorridos sirvam de alerta para a parte decente e cognitivamente capaz da sociedade. Espero também que sirva de alerta para os patrocinadores de programas e veículos que não prezam por qualidade, prudência e seletividade.
O fluxo do capital tem sua própria lógica, mas o fluxo do inaceitável, também. Quando se encontram, em oportunidades rasteiras, o prejuízo é certo. Depois do estrago feito, cancelar patrocínio não resolve muito, não. Adrilles e Monark estão aí para provar.