As duas maiores novidades políticas dos últimos dez anos - se muito, hein! - no País são o MBL (Movimento Brasil Livre) e o Partido Novo. Goste-se de ambos ou não, e tenham seus defeitos e vícios, o fato é que foram lufadas de brisa fresca (mesmo que entremeadas, às vezes, do mau odor característico do jogo político) em meio à décadas de podridão ampla, geral e irrestrita - com raríssimas e honrosas exceções -, na nossa titubeante democracia.
Os eleitos oriundos destes dois, digamos, movimentos, reúnem predicados muito acima da média dos políticos brasileiros. Em sua maioria são jovens bem-educados e bem-formados, academicamente falando, alinhados às melhores práticas e pensamentos, obcecados por eficiência máxima e menor custo estatais, honestos, avessos a desperdícios e a privilégios, e combatentes ferozes do que se convencionou chamar de 'sistema'.
Posso citar alguns nomes que acompanho com atenção: Laura Serrano, deputada estadual (Novo-MG), e seus colegas de partido no Congresso, Lucas Gonzalez e Tiago Mitraud. Mateus Simões e Romeu Zema, também do Novo de Minas Gerais, respectivamente, Secretário-Geral e Governador do estado, e Kim Kataguiri (Podemos), um dos maiores expoentes do MBL. Seus números, atitudes e realizações justificam meus elogios acima.
SEM RECONHECIMENTO
Infelizmente, por alguma maldita razão que não consigo compreender, essa turma que não rouba; que não se mete em negociatas, corporativismo e fisiologismo; que estuda e se aprimora constantemente; que gasta muito pouco, ou quase nada, das verbas a que têm direito; que participa ativamente de comissões e debates importantes; que propõe relatórios e leis fundamentais para o País não são prestigiados pela 'massa' dos eleitores.
Ultimamente, uma verdadeira caçada política encontra-se em curso. Em Minas, os partidos que destruíram o estado contorcem-se para, através de uma CPI mais fajuta que palavra de estelionatário, implicar o governador Romeu Zema - que faz um trabalho excepcional, aliás - em supostos crimes de gestões passadas na Cemig. São os amigos dos ladrões gritando 'pega ladrão' para o juiz. Qualquer semelhança na tática não é mera coincidência.
Recentemente, em um podcast de enorme audiência, Kim Kataguiri - o melhor deputado federal do País - falou uma tremenda besteira sobre legalização de partido nazista. Tão logo percebeu a burrada, desculpou-se reiteradamente e explicou o contexto da idiotice, mas não bastou. A turma do ódio seletivo imediatamente tentou lhe pespegar a pecha de nazista, em conluio com a esgotosfera bolsopetista, e investiu ferozmente contra o mandato do 'japa'.
MBL NA MIRA
Alguns dias atrás, uma dupla do MBL embarcou rumo à Ucrânia para 'cobrir', in loco, a invasão bárbara russa, que conta com o apoio e solidariedade do PT e de Jair Bolsonaro. Simultaneamente, lançaram uma campanha que arrecadou cerca de R$ 200 mil, destinada a auxiliar os ucranianos. Em vez de elogios, os rapazes colheram uma saraivada de críticas e ofensas, de gente que jamais ajudou uma formiga sequer nessa vida.
Acusaram o Movimento de exploração política da guerra. Na minha opinião, é também isso, mas… e daí? O MBL é um grupo político, ora! Os caras não estão gastando um centavo de dinheiro público; estão arriscando as próprias peles; estão sendo úteis e não podem colher dividendos políticos? Duro são os parlamentares que torram milhões de reais em viagens inúteis, e que jamais protagonizaram qualquer campanha solidária, isso sim.
Ontem, sexta-feira, 4, circularam áudios do deputado estadual Arthur do Val (Podemos-SP), um dos membros do MBL na viagem, dizendo a amigos, pelo WhatsApp, frases imbecis e inapropriadas - sobretudo pelo momento e ocasião - sobre as mulheres ucranianas. Pronto. O mundo caiu sobre sua cabeça oca. O 'mamãe falei' já era; foi cancelado! Quem ele pensa que é para, em conversa privada, portar-se de forma estupidamente… humana!?
CORTEM-LHE A CABEÇA
Arthur, 35 anos, bonitão em viagem com o amigo, e em meio à destruição e crueldade - apoiadas por quem o detona -, olhou para as filas de refugiados e só conseguiu enxergar um monte de 'loiras gostosas'. Como? Bem, aí com sua capacidade ímpar de sexualizar mulheres em profundo estado de sofrimento. É com seu primitivismo sexual depravado. Agora, transformar o adolescentão tardio em um pária, em um Putin tupiniquim? Aí, não.
Homens, héteros, sexualmente ativos, bobões, machistas, misóginos, sexistas - ou sei lá mais o que -, fazem comentários idiotas mesmo. Sobretudo, entre si. O indesculpável é o local e a ocasião, ainda que de forma privada, por telefone. Ah! É profundamente abjeta sua conclusão sobre pobreza e, como posso chamar?, atração sexual. Concluir que mulheres pobres são 'fáceis', é de um reducionismo e ignorância sem limites, próprios de um ogro.
Eu não tenho procuração do Arthur, não sou ligado ao MBL e não faço a menor ideia do que ele irá falar, tão logo desembarque no Brasil. O cara pisou na bola, e feio! Mas que há uma caçada insana contra essa garotada, isso eu garanto, há! Bem como, há contra o Partido Novo. Um 'pum' desse pessoal se transforma em crime contra a humanidade. Isso é fato. Enquanto isso, os verdadeiros crimes e criminosos fazem e acontecem por aí.
FINALIZANDO
Uma última observação: o MBL não pode reclamar desse tipo de 'caçada', já que faz uso dessas mesmas armas contra seus adversários políticos. Se tal fato ocorresse com um desafeto deles, os caras estariam trucidando o infeliz da mesma forma. É a Lei de Talião: olho por olho! Apenas gostaria que tal rigor se repetisse com quem diz 'e daí?' para 650 mil mortos por covid-19, ou chama terroristas e ditadores sanguinários de 'amigo' e/ou 'irmão'.
As barbaridades ditas - e protagonizadas!! - pelo clã Bolsonaro e os figurões do lulopetismo transformam o 'mamãe falei' em piada de salão. Pior. Eles dizem o que dizem - e fazem o que fazem - publicamente, sem quaisquer constrangimento e pudor. Arthur 'arrotou' suas 'merdas' em uma conversa privada, vazada por alguém. Seus pensamentos deploráveis só vieram à tona, pela maldade de terceiros, e não por uma intenção deliberada sua.
Se o mundo político, sobretudo os eleitores, 'cancelarem' para valer o deputado bobão e o Movimento Brasil Livre, estaremos diante de uma nova era neste país. Particularmente, não acompanho o Arthur, e portanto não me importo com seu futuro político. Mas, a despeito de inúmeras ressalvas e divergências, não gostaria de ver o MBL reduzido por este episódio. A garotada - gostem ou não; queiram ou não - tem um baita valor. Quem disse? A história, ué.