Vivo, tá pra nascer alguém mais atleticano do que eu. Igual, têm milhares, quiçá milhões. Não estivesse acontecendo tudo o que está, nestes últimos dias, e não falo aqui de guerra ou pandemia, mas de violência descontrolada no futebol, eu estaria agora vibrando pela vitória do Galo no clássico, e zoando meus amigos cruzeirenses.
Porém, é inadmissível fechar os olhos, ouvidos e boca, e ligar o 'foda-se' para a dor e o sofrimento das famílias que, novamente, hoje choram seus mortos por causa de brigas de torcidas. Não dá mais para fingir que está tudo normal, pois não está. Particularmente, defendo que o futebol nacional seja imediatamente paralisado.
Ninguém precisa me lembrar dos milhões de reais que o esporte movimenta. Ninguém precisa me lembrar dos milhares de postos de trabalho que circulam em torno do futebol. Ninguém precisa me lembrar que a maioria absoluta dos torcedores são civilizados, não brigam nem matam ninguém. Eu sei de tudo isso, obrigado.
Mas sei, também, que apenas medidas drásticas são capazes de resolver situações drásticas. No mínimo, impedir que continuem. Apenas nos últimos dez dias, tivemos bombas e pedras atiradas contra ônibus de times; invasão de campo, com agressão a atletas; e em BH, mais uma morte por arma de fogo.
Ano passado, um torcedor do Galo morreu dentro de um ônibus, atacado por cruzeirenses. Anos atrás, ocorreu o inverso. A violência no futebol se parece com as inundações anuais, que desabrigam e matam milhares de brasileiros. Entre ano, sai ano; entra década, sai década, tudo permanece. Até em jogo do Brasil esses bandidos brigam.
No México, neste domingo, morreram sei lá quantos - acho que uns trinta - torcedores, após uma briga monumental dentro do estádio. Será que é isso que estamos esperando para tomar alguma providência definitiva? Teremos de assistir a uma chacina, com crianças e idosos mortos, para tomarmos vergonha na cara?
Os grandes clubes precisam tomar a frente no combate dessa carnificina que ocorre impunemente no País. A toda-poderosa Rede Globo, também. E os grandes veículos de comunicação, que investem e arrecadam fortunas na cobertura esportiva, idem. Porque do Poder Público, como sabemos, não virá absolutamente nada.