Jornal Estado de Minas

RICARDO KERTZMAN

Exclusivo: o tamanho e o porquê das garantias que Ronaldo exige do Cruzeiro


O mundo celeste se encontra em ebulição desde ontem, segunda-feira (15), quando o Superesportes, do portal UAI, noticiou que Ronaldo Fenômeno havia feito exigências extra-contratuais, para continuar à frente da SAF/Cruzeiro.





Em apuração mais detalhada, a rádio Itatiaia, no excelente programa Bastidores, do não menos excelente João Vítor Xavier, divulgou que o ex-craque havia exigido os centros de treinamento celestes, Toca 1 e Toca 2, como garantia de dívidas tributárias - João Vítor, em ato falho, corrigido em seguida, falou em dívidas trabalhistas.

Agora, às 16hs, esta coluna apurou detalhes ainda mais específicos, que irão deixar muitos vaidosos bastante preocupados - eu avisei, né? Inclusive, na minha coluna desta manhã, expliquei um pouco mais sobre as questões ‘macro’, que hoje estão postas sobre a mesa de negociações. Bem, prontos ou não, aqui vamos nós.

Devo e não nego

Em primeiro lugar, há duas dívidas que poderão recair sobre a pessoa física ‘Ronaldo Nazário’, tão logo este meta o chamegão no contrato de compra de 90% da SAF. São elas:

Cerca de 200 milhões de reais em dívidas tributárias, hoje equacionadas no Refis (um programa de parcelamento de débitos tributários), que podem se tornar monstruosos 500 milhões de reais, em caso de atraso superior a três meses no pagamento, ou mesmo inadimplemento parcial ou total.





A segunda grande dívida que será espetada nas costas do Fenômeno é com os clubes que levaram calote do Cruzeiro Esporte Clube. O valor é próximo a 150 milhões de reais, e se não forem quitadas, irão gerar punição - perda de pontos, impossibilidade de contratação, etc.

Recuperação judicial

Como é mesmo: ‘desgraça pouca é bobagem’? Pois é. Os delinquentes que quebraram o Cruzeiro, com o apoio irrestrito da torcida cheia de vaidade, já que chovia troféus no Barro Preto, fizeram um trabalho de destruição que deixa Vladimir Putin, o carniceiro russo que conta com o apoio do nosso presidente, parecido com terrorista amador.

O buraco é tão grande, mas tão grande (1.2 bilhão de reais em dívidas e mais de dois anos de receitas antecipadas), que se discute, de forma clara e aberta, inclusive por parte de Ronaldo e dos dirigentes responsáveis pelas negociações, uma Recuperação Judicial do CEC - a associação esportiva - Cruzeiro Esporte Clube.





Essa possível Recuperação Judicial (a ver se a lei da SAF permite) seria ao redor de 700 milhões de reais. Segundo pessoas de peso, diretamente envolvidas no negócio, sem a RJ (Recuperação Judicial) e sem as garantias (Toca 1 e 2), a participação do Fenômeno ficará restrita às camisas número 9 com seu nome.

Last but not least

Ronaldo aportou risíveis 28 milhões de reais no clube. Risíveis, claro, diante dos números envolvidos no mundo do futebol e da monstruosa dívida azul celeste. Aliás, pairam dúvidas, se este valor foi emprestado ou investido de fato. Os tais 400 milhões de reais prometidos são, até o momento ao menos, pura peça de futurologia marqueteira.

Peço que leiam – quem não leu –, ou leiam novamente a minha coluna desta manhã. Nela, eu explico outras nuances dessa transação delicada e bilionária, e as dificuldades inerentes a um negócio tão vultoso e significativo.





Ronaldo não é herói nem salvador; é apenas um investidor oportunista, atrás de lucro e de poder. E que se note: não há demérito algum nisso; ao contrário! Apenas devemos chamar as coisas pelo nome que têm.

Eu tenho alguns santos padroeiros, Santo Rubão, Santo Ricardão e Santo Sergião, que hoje me protegem – protegem o Atlético – dos males causados por divindades do mal, ‘Alexandre o Grande’, por exemplo. Se eu fosse da turma da vaidade, na boa!!, apostaria tudo no Santo Ronaldão, e acenderia todas as minhas velas. Até porque, não há outra alternativa.